"Helicobacter pylori" vive no estômago dos humanos há milhares de anos

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Há onze mil anos que a bactéria acompanha a humanidade DR

Uma bactéria que habita no estômago dos humanos, mais conhecida pelo seu papel no desenvolvimento de ulceras gástricas e de cancros do estômago, acompanha a humanidade há milhares de anos, anunciaram hoje cientistas da Universidade de Nova Iorque.

A descoberta, há 20 anos, de que é a "Helicobacter pylori" e não a comida demasiado condimentada ou o "stress" que está na origem de determinados cancros do estômago despertou a atenção de médicos e cientistas que têm publicado desde então diversos estudos sobre a bactéria.

Um estudo genético desenvolvido pelo professor Martin Blaser e os seus colegas da Universidade de Nova Iorque e divulgado hoje conclui que a bactéria habita no estômago dos humanos há pelo menos onze mil anos.

A "Helicobacter pylori" é especialmente comum no Leste da Ásia e muito menos frequente na Europa. Os autores do estudo decidiram observar populações nativas americanas em busca de algumas resposta para a origem e a migração da bactéria.

"Sabemos que os antepassados dos actuais índios americanos vieram do Leste da Ásia para o Novo Mundo há mais de onze mil anos", refere o professor Martin Blaser, cujo estudo foi hoje publicado na edição online da revista "Proceedings of the National Academy of Sciences".

"Usámos este acontecimento histórico para nos ajudar a perceber há quanto tempo a bactéria está presente na população humana. Os nossos estudos indicam que a H. pylori existe nos humanos há pelo menos onze mil anos".

A equipa estudou um grupo de índios venezuelanos e um grupo de venezuelanos descendentes de europeus. Ainda antes, a equipa tinha descoberto variações genéticas específicas da "H. pylori", tendo detectado que uma das mutações encontradas existia apenas nas populações do Leste asiático.

Após o trabalho de campo, a equipa verificou que os índios venezuelanos, descentes das populações que migraram do Leste Asiático há onze mil anos, transportam a estirpe da bactéria existente apenas naquela zona do globo, enquanto as populações mestiças, fruto dos cruzamentos entre os locais e os imigrantes europeus têm presentes no estômago bactérias de diferentes estirpes.

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