FLEC-FAC confirma ocupação da principal base militar de Cabinda

O representante da Frente de Libertação do Enclave de Cabinda - Forças Armadas de Cabinda (FLEC-FAC) em Portugal confirmou hoje a ocupação militar pelas Forças Armadas Angolanas (FAA) da sua principal base militar na região de Cabinda, negando, porém, que tenha sido apreendido armamento ou equipamento e tenha sido feitas detenções durante a ofensiva das tropas do Governo.

O anúncio da ocupação foi avançado ontem pelas FAA no seu programa "Hora Certa", transmitido na Rádio Nacional Angolana, e através do jornal da Igreja Católica angolana "O Apostolado".

Apesar de as FAA reclamarem a ocupação da base militar da FLEC-FAC de Kungo-Shonzo, situada a cerca de cem quilómetros a nordeste da cidade de Cabinda, os separatistas não confirmaram que a ofensiva tinha ocorrido.

Hoje, o representante dos separatistas em Portugal, José Maria Liberal Nuno, confirmou a tomada do quartel-general do movimento, mas sublinhou que "na altura do ataque já não se encontrava ninguém no local", desmentido as informações das FAA que davam conta da existência de militares no local e que alguns deles tinham sido detidos.

"Os nossos militares, apercebendo-se do movimento ofensivo que se aproximava, conseguiram sair antes do ataque e levaram parte considerável do material que se encontrava no local, incluindo o material de comunicação, e por isso não houve combates entre militares. As FAA limitaram-se a ocupar a posição", explicou Liberal Nuno.

Segundo "O Apostolado", durante a ofensiva foram interceptados o general Francisco Luemba, chefe do Estado-maior da ala militar da FLEC-FAC, e o ministro da Defesa do movimento, Miguel Boma. Porém, as FAA afirmam agora que ambos conseguiram escapar, mas que durante a operação foram capturados "inimigos, material bélico e meios de trabalho diverso", que serão exibidos "em breve" na televisão pública angolana.

De acordo com a FLEC-FAC, tem-se registado em Cabinda "um massacre" da população civil, incluindo a violação de mulheres e a pilhagem de aldeias por parte dos militares do Governo, deixando um pedido de ajuda à comunidade internacional.

O representante do movimento em Portugal acrescentou que também membros da Igreja Católica em Cabinda, incluindo o padre Manuel Kongo, um dos mais mediáticos defensores da independência do enclave, "estão a ser perseguidos e correm perigo de vida".

Afirmando desconhecer se se registaram baixas entre os militares da FLEC-FAC durante este ataque ao quartel-general, Liberal Nuno adiantou que esta força independentista abateu "um avião MIG 17 e um helicóptero de reconhecimento das FAA", no passado dia 21.

Cabinda é um território encravado entre a República do Congo e a República Democrática do Congo, de onde é extraído cerca de 90 por cento do petróleo angolano.

A FLEC-FAC e outra facção do movimento, a FLEC-Renovada, lutam pela independência do território, considerado um protectorado português, tal como ficou estipulado no tratado de Simulambuco, assinado em 1885, e rejeitam que o enclave de Cabinda faça parte de Angola.

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