Maré negra ameaça reserva natural da África do Sul

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A embarcação italiana incendiou-se na quinta-feira à noite Rajesh Jantilal/AFP

O desastre ecológico pode suceder a qualquer momento: o navio-cisterna "Jolly Rubino", encalhado e em chamas no estuário de Santa Lúcia, na costa oriental da África do Sul, poderá a qualquer momento partir-se em dois e derramar as 1100 toneladas de petróleo que transporta a bordo. A maré negra já começou, ameaçando uma das reservas classificadas como património mundial pela UNESCO.

A embarcação italiana incendiou-se na quinta-feira à noite, antes de encalhar a 200 metros da costa, e continua a arder, espalhando uma maré negra ao longo de 11 quilómetros. Os destroços do navio e as manchas de petróleo estão a chegar às praias e ameaçam estender-se, sob o efeito das marés, aos rios que desaguam nesta reserva marítima de 80 quilómetros, um dos destinos de ecoturismo mais procurados do país. Mas a situação pode, a qualquer momento, agravar-se ainda mais. "O navio mostra sinais de partir-se em dois", disse à televisão sul africana Jeff Gassford, da Comissão de Conservação da Vida Selvagem (CCVS), da província de Kuazulu-Natal, citado pelo jornal espanhol "El País".

Ontem, numa luta contra o tempo, as autoridades começaram a erguer barreiras de areia para proteger o estuário dos rios Umfolozi e Santa Lúcia, cumprindo as orientações de uma equipa de crise, composta por peritos em desastres, representantes do Ministério de Turismo e Meio Ambiente sul-africano e por membros da CCVS.

A Reserva Marinha de Santa Lúcia é o habitat natural de 115 espécies diferentes de pássaros, de flamingos, hipopótamos e crocodilos. "Estamos preocupados com a fauna da praia (....) pelos pássaros que nidificam nas margens do Umfolozi e pela população local de crocodilos. O nosso principal objectivo é retirar o combustível do navio quando a temperatura provocada pelo incêndio [300 graus centígrados] diminuir", explicou o responsável pela protecção da reserva, Richard Sawers, que também integra a célula de crise. "Isso eliminará o principal risco para o meio ambiente, mas existe uma forte hipótese de o navio se partir em dois", conclui.

Duas embarcações de socorro cruzavam ontem a região para dispersar a maré de combustível. Os riscos de inalação tóxica impediram, no entanto, as autoridades de pedir ajuda à população na limpeza das praias.

Cerca de 70 contentores, dos quais seis contendo produtos muito tóxicos e corrosivos, caíram do navio, com 190 metros de comprimento, fustigado por fortes vagas.

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