Faleceu António Paulouro

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O jornalista António Paulouro, director e fundador do "Jornal do Fundão", faleceu hoje de manhã, vítima de acidente vascular cerebral. Tinha 87 anos de idade.

O jornal foi fundado em 1946, contando hoje com 14.500 assinantes, 20 por cento dos quais emigrantes. Mais de metade dos seus leitores, contudo, residem no distrito de Castelo Branco.

Vice-presidente da Câmara do Fundão de 1951 a 1958, rompe a Novembro desse ano com o Estado Novo e demite-se, declarando-se publicamente desenganado com a política vigente e assumindo a condição de oposicionista.

Em 1960 funda o "Arco-íris", revista de pequeno formato, que dirige, tendo como chefe de redacção Mário Henrique-Leiria. Saem apenas cinco números porque a PIDE prende os três redactores residentes em Lisboa.

Em 1958, recebe um louvor do Governo pela criação de 15 cantinas escolares.

Em 1965, o "Jornal do Fundão" é suspenso administrativamente por seis meses. Nessa altura, Paulouro traz a Portugal os escritores brasileiros Erico Veríssimo, João Cabral de Melo Neto e Odilo Costa.

Organiza em 1972 o Encontro Nacional de Teatro, com a presença de Alfonso Sastre e alguns dos mais prestigiados autores, encenadores e actores portugueses.

Em 1976 funda e dirige, com Herberto Helder e António Sena, a revista luso-espanhola "Nova", que tem como delegado nos Estados Unidos Jorge de Sena e em Espanha Vicente Alexandre, no ano seguinte galardoado com o Prémio Nobel.

Em 1977 organiza e dirige o l Encontro de Emigrantes. Três dias de debate com a presença de três secretários de Estado. Preside à sessão final o Presidente da República. O convívio, com bandas de música e ranchos folclóricos de Portugal e Espanha, tem lugar no terreiro de Santa Luzia, Castelejo, único local onde é possível juntar os 15 mil emigrantes que fazem, provavelmente, a maior festa da emigração realizada em Portugal.

Fez parte da Comissão de Honra do Primeiro Congresso dos Jornalistas Portugueses.

Em 1984 organiza e dirige as Primeiras Jornadas da Beira Interior que reúnem no Fundão cerca de 500 participantes e a cuja sessão final preside o general Ramalho Eanes, Presidente da República.

Foi Deputado à Assembleia da República em 86 e 87, eleito pelo Círculo de Castelo Branco.

As Segundas Jornadas, em 1986, realizam-se nas Termas de Monfortinho, com 540 participantes de Portugal, Espanha e França e as Terceiras Jornadas, em 1990, têm lugar na Universidade da Beira Interior-Covilhã, com 600 participantes.

As conclusões são entregues ao primeiro-ministro, que as distribui aos ministros possivelmente interessados nos problemas debatidos.

Em 1986 é Comendador da Ordem da Liberdade e no mesmo ano homenageado na Universidade Pontifícia de Salamanca, com a atribuição da Placa de Prata.

Em 1990 - Outubro - é condecorado com a Medalha de Prata de Mérito Municipal da Câmara Municipal da Covilhã e em 1993 recebe a Medalha de Ouro da Cidade do Fundão, atribuída também pela autarquia.

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