Seti acredita que irá encontrar vida inteligente fora do planeta nos próximos 25 anos

Foto
O mais conhecido dos programas do instituto é o Seti@home, que aproveita a capacidade dos processadores dos PC DR

Os cientistas que prescrutam o espaço estão convencidos da existência de extraterrestres, acreditam apenas que não têm a tecnologia necessária para os detectar. Mas os próximos anos poderão alterar este cenário.

A maior agência mundial privada que se dedica à busca de vida inteligente fora do planeta Terra acredita que os avanços tecnológicos registados nos últimos anos abrem caminho para que os cientistas consigam analisar milhões de sistemas planetários, até agora desconhecidos, o que irá aumentar de forma exponencial as hipóteses de encontrar extraterrestres, o que deverá acontecer no espaço de 25 anos.

"Estamos a procurar agulhas no palheiro que é a nossa galáxia, mas existem milhares de agulhas por aí", afirmou Seth Shostak, o astrónomo chefe do Seti (Search for Extraterrestrial Intelligence) Institute, um organismo privado sediado na Califórnia e sem fins lucrativos.

"Nesse caso, com o número de sistemas solares que esperamos encontrar, acreditamos que iremos encontrar um deles [extraterrestres] nos próximos 25 anos", declarou o cientista, em entrevista à Reuters.

Shostak — que se encontra na Austrália para uma conferência sobre vida extraterrestre — afirma que caso seja detectado um ser fora do nosso planeta isso será apenas o início de um longo caminho. "Mesmo que detectemos vida, continuaremos a não saber nada sobre a forma de vida que detectámos e duvido que eles consigam, ou queiram, comunicar connosco", referiu.

Desde a sua criação em 1984, o Seti Institute tem monitorizado sinais rádio, esperando detectar uma transmissão oriunda do espaço. Ao abrigo do seu Projecto Phoenix, a agência realiza duas sessões anuais de três semanas no Rádio-Telescópio de Arecibo, em Porto Rico.

O Projecto Phoenix — no qual terá sido inspirado o filme "Contacto" estreado em 1997 e protagonizado por Jodie Foster sobre a procura de vida no espaço — foi lançado em 1995 e é uma continuação privada das pesquisas até aí desenvolvidas com financimento da NASA. Em 1993, no meio de uma onda de cepticismo, o Congresso norte-americano cancelou o projecto, pondo em causa a continuação do Seti Institute que irá sobreviver a partir daí com fundos privados.

Este é apenas um dos projectos desenvolvidos pelo instituto, o mais famoso dos quais é o SETI@home. O projecto utiliza as capacidades dos microprocessadores dos computadores pessoais ligados à Internet, quando estes não estão a ser utilizados, criando uma capacidade de pesquisa semelhante à que apenas seria conseguida com um supercomputador. Qualquer utilizador da Internet pode participar no projecto, bastando para isso descarregar o programa na página do Seti.

Limitações

No entanto, a pesquisa tem evoluído a um ritmo lento. Apenas 500 dos mil planetas-alvo foram examinados até ao momento e até agora não foi detectada qualquer transmissão rádio do exterior.

"Recebemos sinais a toda a hora, mas quando os verificamos vemos que foram todos produzidos por humanos e não por extreterrestres", declarou o astrónomo-chefe do Seti.

O responsável adiantou que o instituto está a desenvolver um telescópio avaliado em 26 milhões de dólares, a ser inaugurado em 2005, com capacidade para pesquisar planetas e estrelas cem vezes mais depressa do que os actuais meios ao dispor dos vários projectos em curso.

O Telescópio Allen — baptismo feito em homenagem do seu patrocinador Paul Allen, co-fundador da Microsoft — é na realidade uma rede de mais de 350 receptores de satélite, cada um com 20 metros, cobrindo uma área muito superior a um telescópio de cem metros, tal como o de Arecibo.

O sistema, a ser construído no Observatório de Hat Creek (a nordeste de São Francisco), irá expandir também a capacidade de reconhecimento planetário dos actuais cem mil para mais de um milhão de planetas e estrelas, já que irá estar activo 24 horas por dia, sete dias por semana.

Quanto aos próprios extraterrestres, Shostak acredita que não serão em nada semelhantes ao famoso ser ET do filme de Steven Spielberg. Apesar de ser muito difícil definir qual a forma que o seu corpo terá, o astrónomo acredita que estarão muito mais evoluídos do que os humanos e poderão comunicar de uma forma ininteligível para o homem.

Sugerir correcção
Comentar