Funeral de jovem da Bela Vista decorreu sem incidentes

Foto
O jovem morreu no dia 20 deste mês durante uma intervenção da PSP para pôr cobro a uma briga entre jovens do bairro António Cotrim/Lusa

O funeral do jovem Manuel Pereira, morto a tiro no dia 20 deste mês durante uma intervenção da PSP no Bairro da Bela Vista, em Setúbal, decorreu sem incidentes. Perto de um milhar de pessoas estiveram presentes esta tarde nas cerimónias, não tendo sido avistado qualquer polícia fardado.

A última homenagem ao jovem português de origem cabo-verdiana, conhecido por Toni, começou com um cântico adaptado de um espiritual negro norte-americano. "É um cântico feito pelos negros norte-americanos quando lutavam pela sua libertação e dignidade", explicou o padre Constantino, que por várias vezes insistiu na necessidade de existir um clima de paz entre os habitantes do bairro e de respeito pela missão das forças de segurança.

Depois da liturgia, o cortejo, no qual participaram algumas personalidades políticas, seguiu para o cemitério de Algeruz.

Os apelos à calma e à não violência por parte da polícia e das associações do bairro sortiram efeito, não se tendo verificado qualquer incidente durante todo o funeral.

No final, o presidente da Associação Cabo-verdiana de Setúbal, Tomé Rodrigues, saudou a forma pacífica como decorreu o funeral e subscreveu os apelos deixados pelo pároco local.

A Câmara Muncipal de Setúbal fez-se representar no funeral pelo vereador Eusébio Candeias, que se solidarizou com a família do jovem e prometeu o empenho da autarquia nos contactos com as organizações locais, para que situações destas não se voltem a repetir.

Igualmente presentes no funeral, os representantes do Bloco de Esquerda Fernando Rosas e Luís Fazenda reafirmaram as críticas à intervenção policial. Para Fernando Rosas, tratou-se de "um assassinato de um jovem activista pela integração social, que vai fazer muita falta à população do bairro".

O jovem foi mortalmente atingido por um agente da PSP que tentava pôr cobro a uma briga entre vários jovens daquele bairro. Amigos do Toni que se encontravam no local garantiram que o jovem pretendia apenas acalmar os ânimos e que não estava armado. Contrariando esta versão, o Comando da PSP de Setúbal afirma que o agente disparou para evitar que Toni atingisse com uma garrafa partida outro polícia.

Sugerir correcção
Comentar