Pacheco Pereira lembra que serviço público de televisão pode passar pelo cabo

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O eurodeputado do PSD falava ontem à noite, no Porto, no final de um debate sobre o serviço público promovido pela Associação dos Auditores dos Cursos de Defesa Nacional.

Para Pacheco Pereira, "deveria aproveitar-se este debate [sobre a RTP] para abandonar os modelos completamente ultrapassados das televisões públicas e dos serviços públicos, com grandes custos, já que hoje é possível raciocinar de forma muito diferente".

Em vez de se continuar a gastar dinheiro nesse "modelo ultrapassado", defendeu Pacheco Pereira, o Governo deveria "cablar todo o país, de Barrancos a Freixo de Espada à Cinta, de modo a conseguir "saltar" uma tecnologia em vez de seguir atrás dos outros".

"No cabo é possível uma televisão sobre fado, outra dedicada à meteorologia, convivendo em conjunto com canais generalistas - a SIC Radical já é uma televisão generalista vocacionada para um público jovem. Isso seria preferível a tentar reduzir um mastodonte impossível de reduzir", referiu, defendendo "um panorama televisivo mais moderno".

Apesar de ter reafirmado que para si a falência da RTP "não seria nenhuma catástrofe e daí não viria mal nenhum ao mundo", Pacheco Pereira não aprofundou o assunto, até porque "os sinais indicam claramente que a solução do Governo não vai por aí".

"Cabem muitas mais coisas no cabo que no espaço radioeléctrico. Portugal tem uma rede muito moderna, com fibra óptica, onde cabe televisão, telefone e Internet", salientou Pacheco Pereira, para defender que essa deveria ser a grande aposta do Governo, em vez de manter a discussão em torno dos sistemas tradicionais de TV.

Por seu turno, Francisco Assis, do PS, que também participou no debate, disse que "ideologicamente" nada de fundo o separa de Pacheco Pereira e defendeu que a esquerda tem de começar a assumir um "paradigma individualizante", mesmo em termos televisivos.

O deputado socialista reiterou o "mea culpa" que o PS tem feito em torno das suas responsabilidades televisivas nos últimos seis anos e considerou ainda que o momento actual conjuga todas as condições para que seja feito um debate profícuo sobre o futuro da TV - "mas não pela comissão dita independente nomeada pelo Governo que não tem condições para um trabalho credível sobre o assunto".