Associação de defesa direitos sexuais critica "discurso de ódio" do líder da JP Porto

A associação Não Te Prives, de defesa dos direitos sexuais, criticou hoje o novo líder da Juventude Popular (JP) do Porto, que ontem descreveu a homossexualidade como "uma doença que não é normal", alertando para o caractér de "ódio" do discurso de Miguel Barbosa e para o que a associação considera "um ataque claro aos direitos da população homossexual".

O novo líder da JP do Porto disse ontem que vai pedir ao Governo Civil da cidade que impeça quaisquer desfiles previstos para a Semana do Orgulho Gay, em Junho, descrevendo a homossexualidade como "uma doença que não é normal" e classificando a parada como "ordinária".

Miguel Barbosa defendeu que "não é com desfiles ordinários que se consegue seja o que for".

A Não Te Prives, ouvida pela Lusa, classifica as declarações como "discriminatórias e homófobas". Paulo Vieira, dirigente da associação sediada em Coimbra, frisa que as declarações atacam dois direitos sexuais - o da liberdade sexual e da auto-determinação sexual - e adiantou insurgir-se contra a expressão "desfile ordinário" usada por Miguel Barbosa, descrevendo as suas palavras como "um discurso de ódio".

"Desta forma se percebe quem é a extrema-direita em Portugal, porque esta é a forma que a extrema-direita europeia usa para tratar estas questões", sublinhou Paulo Vieira.

Quanto ao facto de Miguel Barbosa se ter referido à homossexualidade como "uma doença que não é normal", Paulo Vieira sublinhou a "ignorância" do dirigente da JP Porto na matéria "quando nem a própria Organização Mundial de Saúde utiliza tal classificação", referiu.

A secretária-geral da Juventude Socialista, Jamila Madeira, em declarações à Lusa à margem da comissão nacional da JS que ontem decorreu na Figueira da Foz, adiantou "ser importante que todos os jovens tenham consciência que Portugal é um Estado de Direito".

"O Governo Civil não pode proibir ou impedir qualquer manifestação, limita-se a tomar conhecimento" explicou a dirigente da JS, frisando, no entanto, que "por muito triste que seja ouvir um jovem líder partidário fazer tais declarações nos dias de hoje, elas são um direito que em democracia lhe assiste", afirmou.

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