Um povo faminto vai às urnas no Lesoto

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Miguel Madeira

O pequeno reino africano do Lesoto, onde a fome ameaça 80 por cento dos seus 2,2 milhões de habitantes, vai hoje votar em eleições legislativas. Só em Abril o primeiro-ministro Pakalitha Mosisili prometeu o equivalente a 2,5 milhões de euros em ajuda de emergência, mas os avisos sobre os riscos de uma catástrofe alimentar já tinham sido feitos por organizações não governamentais há seis meses.

"Todos os partidos nos ofereceram palavras bonitas mas nenhum nos encheu a barriga", queixou-se à AFP Mathabo Moepo, uma idosa de Lekoatse, no sueste do país. Ela vai votar no Partido Nacional Basotho (BNP), o principal grupo de oposição ao Congresso do Lesoto para a Democracia (LCD), do primeiro-ministro.

O ano passado, o Programa Alimentar Mundial (PAM), agência das Nações Unidas, começou a distribuir ajuda a cerca de 36 mil pessoas em cinco dos dez distritos administrativos do Lesoto, depois de súbitas chuvas diluvianas e queda de gelo, que se seguiram a uma prolongada seca que destruiu as colheitas.

"Não é suficiente para satisfazer as necessidades", considera o PAM. Os efeitos da seca e das chuvas "são mais dramáticos" no Lesoto do que em qualquer outro país da África Austral porque apenas 9 por cento da superfície do reino é terra arável.

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