Evitar síndroma da morte súbita infantil passa por pôr bebé a dormir de boca para cima

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Manuel Roberto

A posição do bebé enquanto dorme é um factor determinante na misteriosa síndroma da morte súbita infantil, que vitima duas mil crianças todos os anos só nos EUA, geralmente durante o sono. Sem que se saibam as causas da doença, dois estudos avisam que o bebé deve dormir com a boca para cima para evitar o perigo.

Em dois estudos divulgados numa reunião da Sociedade Roentgen Ray - dedicada ao estudo da síndroma -, os cientistas avisaram que as suas conclusões apontam para um maior risco de morte quando um bebé dorme de boca para baixo.

Há uma década foi descoberto que a posição do bebé durante o sono poderia ser determinante na doença, sendo que desde esse aviso, as mortes súbitas dos recém-nascidos diminuíram em 40 por cento nos Estados Unidos. As duas investigações agora apresentadas recomendam firmemente que as crianças sejam postas a dormir de boca para cima.

O estudo do médico Stefan Puig, da Universidade de Viena, indica que, quando o bebé dorme de boca para baixo, pode dobrar de tal forma o pescoço que bloqueia as artérias que levam o sangue ao cérebro. O outro estudo, da responsabilidade de George Richarson, da Universidade de Yale, mostrou que, também como consequência dessa posição, existe o perigo de as células neurológicas (neurónios) funcionarem de forma deficiente.

Richarson explica que esses neurónios são os que produzem a serotonina, a substância que transmite as mensagens do cérebro, o que, baseando-se em investigações anteriores que tinham já demonstrado que as células com serotonina são estimuladas pelo dióxido de carbono, sugere que a substância ajuda o cérebro a captar a existência do gás.

"Quando alguém dorme de boca para baixo, aumenta os níveis de dióxido de carbono" e "a reacção normal é um leve despertar no qual a pessoa move a cabeça e respira mais profundamente. Existem provas de que os bebés que sofrem de morte súbita não têm esta reacção", explica Richarson.

O cientista acrescentou que, se os neurónios que deveriam captar os níveis altos de dióxido de carbono não funcionam, talvez o bebé se asfixie em vez de acordar e mover-se.

Stefan Puig concluiu que cerca de 71 por cento dos bebés que morreram com esta síndroma sofreram de um problema de oclusão arterial quando se encontravam de boca para baixo e o seu pescoço tinha virado para a direita ou para a esquerda.

Puig indica que o seu estudo sugere que o estreitamento das artérias poderá ser um factor importante na síndroma.

No entanto, avisou que também poderá existir uma ampla variedade de causas que provocam a síndroma, entre elas o consumo de tabaco por parte da mãe, o aquecimento excessivo das casas e até um defeito das enzimas hepáticas do bebé.

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