Ritmo e imaginação

A ficção científica "antiga", a que vem dos romances de Júlio Verne ou de H.G. Wells (como é o caso desta "Máquina do Tempo") pode estar "demodée" numa época em que o cinema é capaz de maravilhas e efeitos especiais que eles nunca puderam prever, mas conserva algum encanto e, sobretudo, algum espírito. Esta adaptação da "Máquina do Tempo" sabe restitui-los, tem gozo na exploração da sofisticação anacrónica directamente importada do romance de Wells, e consegue conservar um tom que obriga a que se faça a distinção entre o que é um universo "juvenil" e o que é um universo "adolescente" - sendo que o primeiro não é necessariamente decidido por uma questão etária. O filme tem ritmo e imaginação (em particular numa sequência de efeitos especiais que é outra variação sobre o "Powers of Ten" dos Eames) em doses mais do que suficientes para que se lhe perdoe quer a moral "new age" quer o tom em que se desenrola o clímax (pequena concessão ao gosto da geração "Star Wars"). Aponte-se, como curiosidade, que o realizador Simon Wells é bisneto de H.G.

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