Pedro Lynce provável na Ciência e Ensino Superior

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Durão anuncia governo na terça-feira DR

Pedro Lynce é o nome mais provável para vir a ocupar a pasta de ministro da Ciência e do Ensino Superior, uma das novas estruturas governamentais que resultará da divisão do actual ministério da Educação em dois. O líder do PSD convidou também o vice-presidente da Assembleia Legislativa da Madeira Miguel de Sousa para a secretaria de Estado do Turismo.

Pedro Lynce ocupou a pasta de secretário de Estado do Ensino Superior no tempo dos governos de Cavaco Silva. Torna-se, assim, com a superministra Manuela Ferreira Leite, o segundo ministro "importado" do cavaquismo a sentar-se no novo plenário ministerial. Até ao momento, com lugar certo no Governo, continuavam ontem como seguros Bagão Félix, Nuno Morais Sarmento, José Luís Arnaut, Sevinate Pinto, Carlos Tavares e Martins da Cruz, para além de Paulo Portas. O líder do PP e o líder do PSD mantinham em aberto a "divisão" da Justiça e da Saúde. O PP preferia a Justiça, mas Durão inclinava-se para entregar a Saúde.

Durão Barroso, vai terça-feira a Belém apresentar formalmente os nomes do futuro governo ao Presidente da República, divulgando-os de seguida ao país. O dia de hoje, domingo de Páscoa, era considerado decisivo para o "fecho da lista" do futuro Executivo da coligação PSD-CDS.

O jogo de JardimA escolha de Miguel de Sousa para a secretaria de Estado do Turismo integra-se no quadro das complexas relações que já se desenham entre o Governo de Durão Barroso e Alberto João Jardim. Este vice-presidente da Assembleia Legislativa da Madeira e um dos mais antigos delfins de Alberto João Jardim foi apoiante de Durão Barroso no congresso social-democrata de Viseu em que a liderança era também disputada por Pedro Santana Lopes. Nessa altura, Jardim distribuiu os seus fiéis pelas duas candidaturas e Miguel de Sousa esteve na barricada de Durão.

Renitente a dar uma pasta ministerial ao líder do PSD-Madeira depois das declarações feitas no fim de semana passado por Jardim, a direcção social-democrata convidou Miguel de Sousa para um lugar dificilmente recusável no quadro da gestão dos interesses globais da Madeira. Todavia, face à possibilidade de Alberto João Jardim poder vir a contar com um quinto deputado no Parlamento - Gonçalo Nuno, primeiro suplente do círculo de fora da Europa que tem possibilidade de ascender a um lugar elegível face a uma eventual ida de Manuela Aguiar para o Governo ou em substituição do segundo deputado eleito - , Durão Barroso não está em condições de hostilizar o chefe do Governo madeirense. Neste cenário, tem ganho alguma expressão a possibilidade do madeirense Guilherme Silva vir a ser convidado para avançar para a liderança do grupo parlamentar social-democrata. A concretizar-se esta hipótese, o líder do PSD tem mais condições de garantir a disciplina de voto dos deputados madeirenses, ao mesmo tempo que Jardim ganha um aliado de peso na defesa das finanças regionais e de uma revisão constitucional que contemple, finalmente, velhas aspirações do presidente do Governo Regional da Madeira, como a regionalização da Justiça, entre outras.

Miguel de Sousa poderá ser, assim, o segundo secretário de Estado do Turismo que a Madeira dispõe desde o 25 de Abril de 1974. O primeiro foi Baltazar Gonçalves, nos finais dos anos setenta, que na altura era líder do CDS regional e foi titular da pasta no Governo que os democrata-cristãos fizeram com o PS.

Depois de uma longa experiência governativa, em que foi sucessivamente secretário regional dos Transportes e vice-presidente do Governo, Miguel de Sousa abandonou o executivo devido à divulgação pública de negócios de familiares seus nas áreas por si tuteladas no Governo Regional. Actualmente, para lá da vice-presidência da Assembleia Legislativa que divide com Paulo Fontes, é gestor da Empresa de Cerveja da Madeira, do grupo Pestana.

Quanto a Guilherme Silva, um nome considerado natural na pasta da Administração Interna (tutelava esta área no PSD no tempo da oposição) é há longos anos vice-presidente da bancada parlamentar do PSD. Por ser um homem muito próximo de Jardim, viu a sua entrada no Governo "vetada" por Durão Barroso, que não queria ver sentados no Conselho de Ministros governantes pertencentes ao alegado grupo parlamentar do PSD-Madeira, tal como o descreveu Alberto João Jardim na semana passada, quando pôs as suas condições ao Governo de Barroso em matéria de transferências financeiras e intocabilidade na função pública. Assim, a subida de Guilherme Silva à liderança do grupo parlamentar do PSD serviria a estratégia de "coligar" o grupo parlamentar da "banana" com o governo PSD-PP.

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