Encontrada a refugiada afegã dos olhos verdes

Foto
A foto-ícone da revista National Geographic, 18 anos depois DR

Durante 18 anos não passou uma semana em que Steve McCurry não tenha recebido uma carta a pedir informações sobre a jovem afegã que fotografou, em 1983, na fronteira do Afeganistão com o Paquistão. O fotógrafo da agência Magnum trabalhava, na altura, numa história sobre os milhões de refugiados que deixaram o Afeganistão durante a invasão soviética. Depois de fotografar aquela rapariga de cerca de 12 anos, olhos verdes enormes e assustados, o campo de refugiados onde ela estava foi evacuado.

A foto foi publicada dois anos mais tarde, em 1985, na capa da revista "National Geographic" e tornou-se rapidamente a foto mais famosa da revista. Um ícone que, como recordava o fotógrafo antes de a reencontrar, "foi usada em tapetes e tatuagens, tornando-se uma das fotos mais reproduzidas do mundo".

Finalmente, após várias tentativas, Steve McCurry reencontrou a rapariga que fotografou há 18 anos. Um comunicado da "National Geographic" ("NG") conta que no início deste ano o fotógrafo voltou à zona do campo de refugiados, juntamente com uma equipa de um programa da televisão da "NG".

Steve McCurry acabou por conseguir identificá-la como Sharbat Gula - para aguçar o apetite pela edição de Abril da revista e pelo programa de televisão a emitir a 24 de Março, em português, o comunicado não conta como é que ela foi encontrada e a identidade comprovada "cientificamente".

Sharbat Gula, actualmente casada e a viver numa remota região do Afeganistão com a família, terá agora entre 28 e 30 anos.

Esta história vem desmistificar uma anterior versão, publicada pelo jornal britânico "The Observer", que há pouco mais de um mês contava que homens ocidentais procuravam, em Peshawar, pela anónima da fotografia. A história que então se contou - a revista "National Geographic" negava ter enviado alguém à procura da rapariga da fotografia - foi que ela se teria assustado e fugido para as montanhas.

Alam Bibi, como se chamaria a rapariga segundo esta versão, teria ficado algum tempo em Peshawar, aprendido inglês numa escola de uma ONG e mais tarde, de novo no Afeganistão após a retirada dos soviéticos, ensinado a língua a algumas das filhas de Bin Laden. Por isso é que teria fugido para as montanhas, contava o "The Observer": Bibi estaria com medo de estar a ser procurada pela CIA.

Afinal, diz agora o comunicado da "NG", o nome e a história são bastante diferentes. Ela não deu aulas às filhas de Bin Laden - nem podia, já que não fala inglês e a única coisa que sabe escrever é o seu nome.

A National Geografic Society decidiu aproveitar este momento para lançar um "fundo especial" para promover a igualdade de oportunidades de educação para as jovens afegãs, o Afghan Girls Fund. As contribuições para este fundo podem ser feitas através da Internet (www.nationalgeographic.pt).

Sugerir correcção
Comentar