Sampaio diz que mulheres ainda têm dificuldades no acesso a cargos de responsabilidade

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Um dos motivos de preocupação realçados por Sampaio diz respeito ao acesso ao trabalho e à progressão nas carreiras Manuel Moura/Lusa

O Presidente da República, Jorge Sampaio, considerou hoje que, apesar da "evolução considerável" no plano legislativo, as mulheres continuam a enfrentar dificuldades no acesso a cargos de responsabilidade na vida pública e política.

O Presidente da República afirmou ainda — numa cerimónia no Palácio de Belém, em Lisboa, onde condecorou 16 mulheres que se distinguiram em vários domínios — que são necessários "esforços adicionais com vista a uma maior e mais justa partilha do trabalho entre homens e mulheres".

Para o chefe de Estado existem "seis preocupações que se prendem com sectores onde a mudança se tem revelado mais difícil". Uma delas refere-se, segundo a Lusa, ao acesso ao trabalho e à progressão nas carreiras, que tem evoluído mas que ainda está longe do ideal.

Por outro lado, Sampaio considerou "lenta" a evolução da participação feminina no exercício dos cargos públicos. Na área da política, o Presidente acredita que "a mudança ao nível das agendas políticas, dos rituais e dos ritmos da vida partidária seria favorecida com o acesso em número significativo de mulheres a cargos de poder na vida política".

No seu discurso, Sampaio lembrou ainda "a violência a que a mulher está frequentemente exposta" e a "feminização da pobreza e de outros fenómenos de exclusão". Para combater esta realidade, o chefe de Estado defendeu uma melhor educação e uma transformação cultural.

Sampaio condecorou 16 mulheres que se distinguiram nas suas carreiras profissionais pela "sua dedicação a causas, coragem, empenho e determinação".

A pintora e galerista Dulce d'Agro recebeu as insígnias de comendadora da Ordem de Sant'Iago da Espada, pelo seu mérito literário, científico e artístico. A Ordem da Liberdade foi entregue a Isaura Borges Coelho, presa pela PIDE na década de 1950 por se ter revoltado contra a proibição do casamento imposta às enfermeiras.

Com a Ordem do Infante D. Henrique foram distinguidas quatro mulheres — que o Presidente entendeu terem prestado serviços relevantes a Portugal, no país e no estrangeiro. Foram elas a actriz Irene Cruz, do Teatro Aberto, a diplomata Maria Josefina Carvalho, pela sua "notável acção" no processo de integração europeia, a jurista Paula Escarameia, pelo seu papel enquanto membro da delegação portuguesa para a criação de um Tribunal Penal Internacional, e a professora Maria Adriana Sousa Carvalho, pela divulgação do ensino em português no arquipélago de Cabo Verde.

Sete mulheres receberam a Ordem de Mérito: Maria Eduarda Cruzeiro, presidente do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, pelo seu trabalho em prol do ensino da Sociologia em Portugal, Maria Fernanda Navarro da Silva Nascimento, uma das responsáveis pela introdução dos programas de saúde materno-infantil e da saúde escolar, na década de 1970, Maria Ruth Pereira Garcez, a primeira juíza portuguesa, Teresa Féria Almeida, fundadora e primeira presidente da Associação das Mulheres Juristas, a bombeira Teresa Dantas, a primeira sargento do Exército Paula Cristina Ragageles, e a agente da PSP Ana Letra.

Igualmente homenageadas foram Maria Luísa Cortesão, professora catedrática da Universidade do Porto, Maria da Graça Martins da Silva Carvalho, investigadora na área da Energia e Ambiente, e Inácia Mendes Lagareiro, funcionária do Agrupamento de Escolas do Barreiro.

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