Tribunal federal confirma prisão preventiva John Walker
Durante a primeira audiência em tribunal, que durou apenas 14 minutos, o jovem californiano de 20 anos apareceu de olhar um pouco perdido, cabeça rapada e com uma pequena barba de dois dias. No início da audiência, o juiz Weldon Sewell leu as quatro acusações formuladas contra Walker, entre as quais conspiração com vista a matar cidadãos norte-americanos no estrangeiro e apoio material a organizações terroristas como a Al-Qaeda. Caso venha a ser considerado culpado de todas as acusações que lhe foram formuladas, aquele que é já conhecido como o "taliban americano" poderá ser sentenciado a duas penas de prisão perpétua e duas penas de dez anos de prisão efectiva.
Ao decidir manter Walker na prisão, o tribunal aceitou a exigência do delegado da Procuradoria que defendeu que o jovem norte-americano representa um perigo para a sociedade e poderia desaparecer caso lhe fosse concedida liberdade condicional.
O chefe da equipa de advogados de defesa, James Brosnahan, fez questão de evidenciar as irregularidades cometidas neste caso, nomeadamente o facto de Walker ter estado detido durante 54 dias sem acesso a um advogado, bem como o de apenas ter sido presente a juiz depois de ultrapassado o prazo de 48 horas previsto pelo Supremo Tribunal, o qual se inicia com o anúncio das acusações que são feitas ao arguido, o que aconteceu no passado dia 15.Walker chegou ontem à noite aos EUA vindo do Afeganistão, onde esteve detido quase dois meses. O jovem norte-americano foi capturado no Norte do Afeganistão pelas tropas opositoras ao regime taliban e posteriormente descoberto numa fortaleza junto à cidade de Mazar-i-Sharif, palco de um violento motim de prisioneiros, no qual foi morto um agente da CIA.
Nascido numa família residente na Califórnia, Walker converteu-se há quatro anos à religião islâmica. Posteriormente decidiu continuar os estudos do Corão numa escola do Iémen e mais tarde do Paquistão, onde foi seduzido pelas teses dos ulemas fundamentalistas do Afeganistão. De acordo com os EUA, o jovem terá então sido treinado num campo da rede terrorista Al-Qaeda, antes de se juntar às fileiras taliban, com as quais lutou em Caxemira e no Afeganistão.