Universitários desafiam CCI a aceitar críticas sobre co-incineração «sem insultos»
Com a queixa-crime hoje anunciada, a CCI prossegue "uma tentativa desesperada de silenciar, através da intimidação, a oposição à co-incineração", considerou Carlos Ramalheira, em declarações à Lusa.O assistente da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e o seu colega José Manuel Silva, professor do mesmo estabelecimento, revelaram que foram notificados pelo Ministério Público para serem ouvidos, no dia 1 de Fevereiro, no Tribunal de Coimbra, na sequência da queixa-crime apresentada pela CCI.
Em conferência de imprensa realizada em Aveiro, a CCI anunciou hoje que a queixa foi formalizada contra os universitários de Coimbra, cujas posições públicas terão alicerçado os ataques ao processo do novo presidente da câmara de Coimbra, Carlos Encarnação.
Os dois investigadores da Universidade de Coimbra, esclareceu Carlos Ramalheira, "limitaram-se a colocar perplexidades, mas nada de ofensivo", em relação ao processo da co-incineração.
Carlos Ramalheira frisou que essa posição de ambos foi comunicada ao presidente do Conselho Científico da Faculdade de Medicina de Coimbra, através de uma "carta do foro privado que a própria CCI divulgou na Internet".
"Pensamos que eles [membros da CCI] não são independentes, pois são pagos para desempenharem a sua função. Não vemos que esta afirmação seja ofensiva", adiantou.
"É com grande curiosidade que aguardo o teor da queixa, cuja base não consigo entender", declarou, por seu turno, José Manuel Silva. A CCI "tem-se limitado a insultar-nos e a passar-nos um atestado de ignorância".
Encarnação critica queixa da CCI contra docentes de Coimbra
O presidente da câmara de Coimbra, Carlos Encarnação, considerou hoje "absolutamente inqualificável" a queixa-crime apresentada contra os dois universitários que contestam a co-incineração.O autarca social-democrata contrariou afirmações do ministro do Ambiente, José Sócrates, e do próprio presidente da CCI, Formosinho Simões, segundo as quais os membros da comissão não podem ser substituídos. Encarnação frisou que, segundo o artigo 5º do decreto-lei 149/99, que criou a CCI, o mandato desta é de três anos e a comissão "é substituível por resolução do Conselho de Ministros", sendo exigido parecer favorável das câmaras de Coimbra e Setúbal, concelhos onde estão situadas as cimenteiras de Souselas e Outão, respectivamente.
Na terça-feira, ao ser empossado nas funções autárquicas, Carlos Encarnação sugeriu ao primeiro-ministro, António Guterres, que procedesse à substituição de Formosinho Simões na presidência da CCI.