Morreu Camilo José Cela

Foto
Cela tinha contraído uma pneumonia DR

Morreu esta manhã, por volta das 08h00 locais, o escritor espanhol Camilo José Cela. O prémio Nobel da Literatura de 1989 estava internado numa clínica em Madrid e recebia tratamento para combater uma pneumonia.

A edição "online" do diário espanhol "El Mundo" avança que o escritor, de 85 anos, teve uma insuficiência cardíaca causada por uma infecção cardiorespiratória crónica.Os restos mortais de Camilo José Cela vão ser transportados hoje ao fim da manhã para Iria Flavia, localidade galega onde nasceu.
Até à última terça-feira, o escritor, que sofria de problemas respiratórios há meses, esteve a trabalhar em casa, mas foi aconselhado pelo médico a ir ao hospital para fazer exames. No dia 14 de Novembro, uma forte gripe impediu-o de assistir a uma homenagem ao seu génio na Biblioteca Nacional espanhola.

Camilo José Cela publicou mais de 70 livros

A literatura foi a faceta mais conhecida e profícua de Camilo José Cela Trulock, mas para além disso o escritor galego foi pintor, toureiro, actor de cinema e soldado profissional. A sua obra, que inclui mais de 70 livros, traduzidos nas mais diversas línguas, recebeu os mais importantes galardões do mundo das letras, entre os quais se contam o Prémio Príncipe das Asturias de 1987, o Prémio Nobel da Literatura atribuído em 1989, pela sua "rica e intensa" prosa que, com uma "paixão controlada" mostra uma "visão provocadora da realidade humana" e o Prémio Miguel de Cervantes, em 1995. Cela escreveu o seu primeiro livro em 1939, intitulado "Pisando la dudosa luz del día" e três anos depois o seu primeiro romance, "A família de Pascual Duarte", uma das suas obras mais premiadas e traduzida em 20 idiomas. Outras das suas obras mais significativas são: "La colmena" (1951), "Pabellón de reposo" (1943), "La cátira" (1955), "Oficio de tinieblas" (1973), "San Camilo 1936" (1969).
Em 1988, é publicado o romance "Cristo versus Arizona", que tem a particularidade de excluir pontos.
Em 1996, foi concedido o título de Marqués de Iria Flavia a Camilo José Cela, ano em que entra na Real Academia de las Ciencias de Galicia. Dois anos depois, apresenta o primeiro tomo do seu "Diccionario geográfico popular de España", um projecto gigantesco com a ambição de reunir o léxico popular espanhol e de cada uma das suas comunidades autónomas. Cela vira também a prestar homenagem à terra que o viu nascer na Galiza com a obra "Madera de boj", finalizado em 1999. O cenário é a "costa da morte" na Galiza onde o escritor retrata a luta da terra contra o mar, numa zona "tão batida pelo Atlântico que no último século provocou mais de cem naufrágios". No mesmo ano, Camilo José Cela descobre o brasão que representa o seu título nobiliárquico, cujo lema é "O que resiste, ganha".

Obras de Camilo José Cela editadas em Portugal

- O Assassínio do Perdedor (Difel)- A Colmeia (Dom Quixote)
- A Cruz de Santo André (Difel)
- Madeira de Buxo (Editorial Notícias)
- Mazurca para dois Mortos (Difel)
- Rol de Cornudos (Editorial Notícias)
- São Camilo, 1936 (Europa-América)
- Vagabundo ao Serviço de Espanha (Asa Editores)

Sugerir correcção
Comentar