População timorense está apática e sem iniciativa, diz Ximenes Belo
"O envolvimento da população ainda é pouco. Acontece no âmbito político para a construção da democracia e para consolidação dos direitos humanos, mas para a economia e progresso material do país vejo a população ainda muito apática, embora haja algumas iniciativa de empresários timorenses", disse Ximenes Belo, citado pela Lusa."A iniciativa é pouca para o desenvolvimento económico e os timorenses estão pouco empenhados nisso", sustentou.
Para o líder católico timorense, o problema assume os contornos "de uma questão de vida ou de morte", sendo necessário lidar urgentemente com ele para evitar a curto e médio prazo problemas mais graves no território.
Reconhecendo esses problemas, Ximenes Belo aproveitou a sua primeira carta pastoral de 2002, divulgada esta semana em Díli, para apelar directamente ao maior envolvimento dos católicos no desenvolvimento de Timor-Leste.
Na carta, Ximenes Belo deixa recados fortes, recordando que 24 por cento da população urbana timorense continua a viver abaixo do limiar da pobreza, um nível que cresce para 60 por cento nos centros rurais e regionais.
"É bonito falarmos de independência política. Mas devemos lembrar-nos que a nível económico ainda não podemos cantar vitórias. Somos totalmente dependentes das ajudas externas", escreve o administrador apostólico de Díli.
"Infelizmente a mentalidade do timorense ainda não se modificou no aspecto económico: vive exigindo, reclamando à comunidade internacional, ao governo local, a concessão de mais subsídios", explica.