Rui Rio assume hoje destinos da cidade do Porto

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Rui Rio foi um dos protagonistas da noite eleitoral de 16 de Dezembro, com uma vitória inesperada e expressiva Miguel Madeira

Ao tomar hoje posse como novo presidente da Câmara do Porto, numa cerimónia para a qual foram convidadas mais de mil pessoas, Rui Rio assume sobre os seus ombros um conjunto de responsabilidades e expectativas, difíceis de calcular na sua verdadeira dimensão, mas incontornáveis sempre que um novo ciclo político se abre.

Rio desafiou os portuenses a romperem com 12 anos de governo socialista na segunda maior câmara do país e mereceu a confiança da cidade. Será isso que, hoje, o novo presidente deverá destacar no seu discurso, tendo no entanto em vista o significado político que esta vitória no Porto pode vir a representar para o país. Por outras palavras, Rio procurará demonstrar que os eleitores têm, de facto, nas suas mãos o poder de decidir se querem ou não mudar de políticos e de políticas. É, pois, investido da autoridade de ter sido sufragado pela maioria dos portuenses que Rui Rio quererá deixar claro que a cidade se vai continuar a afirmar nos mais diversos domínios a nível nacional, mas também como eixo principal do Noroeste peninsular. Neste contexto, aliás, o convite ao presidente da Junta Autónoma da Galiza, Fraga Iribarne, tem umas carga simbólica particular nesta cerimónia. Além de Fraga Iribarne, é esperada a presença do representante do Partido Popular Europeu para a Península Ibérica e de destacados dirigentes do PSD, nomeadamente o presidente do partido, Durão Barroso, a líder parlamentar Manuela Ferreira Leite e dezenas de personalidades da cidade. Cavaco Silva foi também convidado e, segundo fontes próximas de Rio, só não estará presente se não conseguir conciliar a deslocação ao Porto com os seus compromissos profissionais.

Sá fica com Ambiente e SMAS

A cerimónia de hoje encerra uma semana de intensos contactos com a equipa eleita pela coligação PSD/PP, e com o candidato eleito pela CDU, Rui Sá, tendo em vista assegurar desde já a governabilidade do novo executivo. A coligação elegeu seis vereadores, o mesmo número de eleitos que o PS conquistou, e Rio optou por convidar Sá para assumir um pelouro a tempo inteiro, garantindo desta forma a maioria na câmara. Só ontem, de resto, as negociações com o vereador da CDU foram fechadas, e Sá vai assumir os pelouros do Ambiente (acumulando estas funções com a presidência dos SMAS - Serviços Municipalizados de Águas e Saneamento) e da Desburocratização, um novo pelouro criado para a reorganização de todos os serviços municipais. Fernando Albuquerque, número dois da lista eleito pelo CDS-PP no âmbito do acordo da coligação, ficará com as Actividades Económicas, pelouro que passará a incluir o Turismo, uma área que sairá da alçada da Cultura. Paulo Morais, o social-democrata que foi número três na lista, será o vice-presidente de Rui Rio, e tutelará toda a área que tem a ver com a Acção Social. Significa isto que Paulo Morais deverá assumir os pelouros da Habitação Municipal e da Acção Social. Os pelouros da Juventude e do Desporto serão atribuídos a Paulo Cutileiro, o único vereador do PSD que transita do anterior executivo. O arquitecto Ricardo Figueiredo terá a seu cargo, tal como se previa, a complexa pasta do Urbanismo, estando ainda por decidir quem vai gerir o sector do trânsito e transportes.
Quanto à Cultura, um pelouro que tem hoje uma importância acrescida depois da realização da Porto 2001, a dúvida residia em saber se seria confiada a Marcelo Mendes Pinto, um professor universitário eleito pelo CDS-PP, ou a Paulo Morais. Ao fim da tarde de ontem, a Cultura e a Educação eram ainda pelouros pendentes de conversações finais entre Rio e os eleitos do CDS-PP.
Imediatamente a seguir à instalação do novo executivo, realizar-se-á a primeira assembleia municipal e a eleição do presidente da mesa deste órgão. Dados os resultados das eleições de 16 de Dezembro (PSD - 26; PS - 23; CDU - 4 e BE - 1), não ficou garantida à partida a eleição de Álvaro Castelo Branco, que encabeçou a lista da coligação para a assembleia municipal. Bastaria ao PS chegar a acordo com a CDU para ficar em maioria neste órgão e disputar a liderança.

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