Yves Saint Laurent pousa o lápis e a agulha
É aos 65 anos de vida que o costureiro francês se despede das roupas, dos vestidos, dos perfumes e, portanto, do grupo criado sob o seu nome e que marca um capítulo com 40 anos de duração e incontornável na história da moda. O costureiro leu uma mensagem aos jornalistas, em que confessou "ter escolhido dizer adeus" à profissão que muito amou. Tímido como sempre, esta foi a sua primeira conferência de imprensa em 40 anos de carreira, em que anunciou que o seu próximo desfile, agendado para 22 de Janeiro, "será o último".
Agradecendo aos que acreditaram nele e lhe permitiram criar a sua Casa, não esqueceu o presidente da holding Artémis, proprietária da sociedade Yves Saint Laurent Haute Couture, François Pinault, que agora perde uma figura mais que emblemática da moda, perde um ícone. Nos últimos anos a Yves Saint Laurent Couture gerou duas vezes mais perdas que lucros.
A saída de Saint Laurent surge depois da sua passagem de testemunho no pronto-a-vestir, ao que tudo indica contra a sua vontade, para o norte-americano que revitalizou a Gucci, Tom Ford. O criador francês viu-se no meio do duelo dos dois grandes impérios financeiros do luxo, a LVMH e a Gucci - que detém a holding Artémis -, sendo que fontes citadas pela Reuters apontam para a imediata rejeição por parte de Saint Laurent à vinda de Tom Ford e da equipa de executivos italianos da Gucci com os seus objectivos "comerciais".
Desde 1999 Saint Laurent manteve o controlo da sua lendária colecção de alta-costura, que fez desfilar nas "passerelles" ao ritmo habitual, mas as criações do salão da Avenue Marceau saem na próxima semana pela última vez da sua mão.
Yves Saint Laurent começou o seu trabalho na moda em 1955, assistindo Christian Dior, a quem sucedeu na direcção da Casa Dior em 1957, após a morte do criador francês. Na primeira colecção que assinou na Dior, seguiu de perto o estilo do mestre e nos jornais, no dia seguinte, lia-se que "Saint Laurent salvou a França!".
Em 1961 o criador dá um passo em frente e cria a casa Yves Saint Laurent com Pierre Bergé. Anos e anos de desfiles e "looks", ficam para a história os vestidos trapézio, o Le Mondrian, e o famoso "Le smoking" feminino e as calças que quebraram as convenções e deram uma nova face ao estilo das mulheres na década de 70.