Um filme em curto-circuito

"Kandahar" sucumbe pelo excesso retórico e pelo pendor demonstrativo, duas coisas normalmente ausentes do "indecifrável" cinema iraniano, e em particular do cinema de Makhmalbaf. É um filme em curto-circuito, muito por causa de haver aqui um "tema" (no sentido mais convencional do termo) que é preciso discutir e, sobretudo, ilustrar. Alguma coisa resiste, no entanto: o olhar duro e terrificante sobre a infância, nas cenas do estudo do Corão, da consulta médica ou em todo o episódio do anel encontrado no esqueleto; e a irrupção de um "real" que se dá a ver como absurdo, na sequência com os mutilados a digladiarem-se pelas próteses. São momentos em que se toca qualquer coisa um pouco mais universal do que o alvo expresso do filme, o Afeganistão taliban.

Sugerir correcção
Comentar