Acordo sobre Governo transitório no Afeganistão dentro de três ou cinco dias

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A administração transitória no Afeganistão sob observação de um conselho nacional é uma das opções a discutir entre as delegações na cimeira Oliver Multhaup/EPA

As delegações que participam na cimeira interafegã, que está a decorrer em Bona, Alemanha, prevêem que se chegue a um acordo sobre o Governo transitório no Afeganistão entre "três a cinco dias", avançou o porta-voz do enviado especial da ONU para o território afegão.

As quatro delegações "estão decididas em começar a trabalhar já em Bona dentro de três ou cinco dias. Elas esperam conseguir nesse período um acordo sobre os pontos em agenda" em negociação, afirmou Ahmad Lawzi, que falava em nome do representante especial das Nações Unidas para o território em crise.De acordo com o porta-voz, em declarações depois da cerimónia de abertura da cimeira, a agenda em discussão incluiu o estabelecimento de uma administração transitória, uma espécie de Governo formado por 20 membros, sob a observação de um "conselho supremo nacional", que funcionaria como um Parlamento.
Esta fase, que poderá prolongar-se durante seis meses, levará à convocação de uma "Loya Jirga de urgência", encarregue de formar um Governo de transição para uma segunda fase que pode durar cerca de dois anos. Esta "Loya Jirga", ou "grande assembleia", é o método tradicional utilizado pelos afegãos para resolver as suas questões políticas. É o único processo político aceite e respeitado pelos grupos étnicos e religiosos no Afeganistão para seleccionar um Governo representativo que será reconhecido e seguido por todos os afegãos.Num conselho directo às partes envolvidas neste processo, o Presidente francês, Jacques Chirac, e o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, apelaram à responsabilidade para que se chegue a "um único objectivo que seja do interesse do Afeganistão".
Enquanto decorre a cimeira, perto de 150 manifestantes afegãos protestam junto à colina de Petersberg, em Bona, reivindicando o regresso do antigo rei Zaher Shah a Cabul.
Espalhados à beira da estrada que leva a Petersberg, onde está localizada a residência dos hóspedes alemães desta cimeira, gritando frases a favor do regresso de Zaher Shah - exilado desde 1973 do Afeganistão - quando os representantes afegãos negoceiam o futuro político do país.
"Queremos o regresso do rei Zaher", sustentou à AFP Mohammad Nadir Ahmadi, um dos manifestantes e refugiado há 20 anos na Alemanha. "Ele é o único que pode trazer a paz", continuou. Também Sharifa Helmand, uma das várias mulheres que participam no protesto, exige que o rei volte a Cabul, tal como uma outra jovem de 24 anos que quer o final da guerra no seu país.

Quem é quem na cimeira interafegã

As quatro delegações afegãs na cimeira de Bona que tentam encontrar uma solução política para o país representam as diferentes etnias e mulheres do Afeganistão.

Aliança do Norte (onze membros)Yonus Qanooni:

líder da delegação, tajique, ministro do Interior do movimento.

Haji Abdul Qadir:

pashtun, governador das províncias orientais de Nangahar, Laghman e Kunar.

Mohammed Aref Noorzay:

pashtun de Kandahar.

Comandante Abdulah Khan:

pashtun, pertence ao movimento Ittehad-i-Islami (União Islâmica), aliado do Presidente deposto Burhanuddin Rabbani.

Sayed Mustafa Kazemi e Aghai Nateqi:

membros do Hezb-i-Wahdat (Partido da Unidade, xiita e apoiado pelo Irão).

General Sayed Hussein Anwari:

líder do partido xiita de Harakat-i-Islami (Movimento Islâmico).

Mohammed Hashem Faheen:

representa o general uzbeque Abdul Rashid Dostum.

Abbas Karimi:

uzbeque.

Mir Wais:

tajique, filho do comandante Ismael Khan, que controla a região noroeste do país.

Amena Safi Afzali:

tajique, a única mulher desta delegação, refugiada no Irão e militante na luta pelos direitos da mulher no seu país.

Delegação de Roma (11 membros, dos quais duas mulheres, representam o ex-rei no exílio Zahir Shah)Abdul Sattar Sirat:

uzbeque, conselheiro do rei.

Mustafa Zaher:

mulher pashtun, exilada nos Estados Unidos, trabalhadora humanitária.

Sima Wali:

mulher exilada na Alemanha, filha do primeiro-ministro Mohammad Yusuf.

Hedayat Amin Arsala e Azizullah Wasefi:

pashtunes e ex-ministros.

Mohammad Amin Farhang:

intelectual no exílio.

Zalmai Rassul:

secretário privado do rei, pashtun.

Mohammad Ishaq Nadiri
Outros elementos ficaram de confirmar a sua presença na reunião.
Delegação de Peshawar (apoiada pelo Paquistão, inclui três membros)Sayed Hamed Gailani:

filho do dirigente do processo de Peshawar, o líder pashtun Pir sayed Ahmad Gailani.

Anwar-ul-Haq Ahadi:

genro de Gailani.

Hafizullah Asif Mohseni
Delegação de Chipre (apoiada pelo Irão)Humayun Jareer:

genro do chefe de guerra Gulbuddin Hekmatyar.

Mohammad jalil Shams:

Antigo vice-ministro dos Assuntos Exteriores.

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