O que dizer às crianças perante uma tragédia?

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Muitas crianças confundem as imagens dos ataques com os filmes - aqui, uma cena de Assalto à Casa Branca, com Gerard Butler DR

Como explicar a uma criança que alguém desviou três aviões cheios de gente e, de propósito, os despenhou contra edifícios também cheios de gente, matando milhares de pessoas? Os actos terroristas infligidos contra os Estados Unidos e transmitidos em directo através dos pequenos ecrãs deixaram o mundo chocado e não pouparam as crianças. Segundo a Agência Federal de Emergências norte-americana (FEMA), é agora importante explicar aos mais pequenos o que está a acontecer e observar se os incidentes as atingiram.

“Crianças afectadas poderão subitamente comportar-se de uma forma mais infantil ou então ficar apáticas”, explicou Holly Harrington, directora do departamento da FEMA para crianças, que defende que cabe aos pais ajudar as crianças a falar sobre o assunto e assegurar-lhes que não existe nenhum perigo.

A pedopsicóloga Joana Espírito Santo explicou ao PÚBLICO que “o melhor nestas situações é explicar, adequando o nosso vocabulário aos mais novos e de uma forma simples, que há homens que querem fazer guerras”. Mas mais importante que explicar o que está a acontecer, segundo a especialista, é “repor para os adultos essa responsabilidade, explicando aos mais novos que são as pessoas crescidas que se devem preocupar e não eles”. “Os adultos têm que se mostrar adultos, porque quando não o fazem as crianças têm tendência a ocupar os seus lugares e essa não é a ordem natural”.

Joana Espírito Santo ressalva, contudo, que para “a maioria das crianças – habituadas a assistir cenas de guerra todos os dias na televisão – estes acontecimentos são como um filme”. Nestes casos, o melhor será não dizer nada e deixar a criança despreocupada.

Comportamentos a ter em atenção

- Mudança brusca de comportamento
- Pesadelos e sonhos maus
- Perda de confiança nos adultos
- Regressão a comportamentos abandonados (voltar a chuchar no dedo, urinar na cama durante a noite)
- Recusa em deixar os pais
- Preocupação sobre a vida de amigos e familiares

O que fazer

- Falar com as crianças sobre os sentimentos que as afligem
- Dar-lhes tempo para perceber o que as rodeia
- Assegurar-lhes que os adultos são perfeitamente capazes de lidar com a situação
- Mantê-los por perto
- Programar com eles tarefas a médio prazo (onde vamos no próximo fim-de-semana, ou no próximo mês)

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