Siemens reduz emprego e investimento em Portugal
Ao todo, serão dispensados mais de 13 mil trabalhadores, num universo de 460 mil em todo o mundo. O PÚBLICO sabe que Portugal não será poupado, podendo vir a ser dispensados cerca de mil trabalhadores. A diminuição do pessoal ligado ao grupo Siemens em Portugal deverá ser feita, sobretudo, pela não renovação de contratos a prazo e pela não admissão de novos colaboradores, consolidando desse modo um quadro de pessoal nas suas unidades que, neste momento, ronda os cinco mil. O porta-voz da Siemens em Portugal não confirmou números, escusando-se a prestar mais esclarecimentos sobre o assunto.
Mas o PÚBLICO sabe que na Infineon, empresa do grupo Siemens localizada em Vila do Conde, serão dispensados cerca de centena e meia de trabalhadores, em consequência da recessão que tem vindo a afectar o mercado de semicondutores. É um número que não surpreende, tendo em conta que o grupo Infineon divulgou, recentemente, as previsões para o terceiro trimestre do corrente ano, que apontam para perdas, antes de impostos, de cerca de 120 milhões de contos (600 milhões de euros) e uma quebra de um terço no volume de vendas. Tal como a Siemens, também a Infineon está a reduzir a sua força laboral ao nível mundial, através do despedimento de cinco mil trabalhadores.
A administração da Infineon Portugal não quis prestar quaisquer declarações, pelo que não foi possível confirmar se o investimento previsto de cerca de 20 milhões de contos (cem milhões de euros) para duplicar a capacidade de produção da fábrica de semicondutores de Vila do Conde será ou não "congelado". O que é certo é que a casa-mãe decidiu já reduzir em 561 milhões de contos (2,8 mil milhões de euros) o plano de investimentos para 2001. Para além da Infineon, onde o grupo detém uma posição de 71 por cento, a Siemens possui ainda uma unidade de transformadores no Sabugo, com 260 trabalhadores, outra de quadros eléctricos em Corroios, com 110 trabalhadores, e uma participação na Epccos, que emprega 650 pessoas. Este ano, ao abrigo de uma estratégia do grupo alemão de desinvestimento no sector dos componentes para automóveis, a Siemens vendeu a Indelma, que empregava 1500 trabalhadores, a um consórcio japonês.
Mais rigidez nos contratos a termo Entrou recentemente em vigor uma nova legislação - bastante mais rígida - relativa aos contratos a termo. A título de exemplo, a nova lei define que, se for celebrado um contrato a termo fora dos casos previstos na lei, a estipulação do termo continua a ser nula, mas o trabalhador passa também a adquirir a qualidade de efectivo na empresa. Por outro lado, caso a entidade empregadora não respeite o direito de preferência, terá de indemnizar o trabalhador em seis meses de remuneração base, quando a anterior legislação previa o pagamento de apenas meio mês. |