Mais auto-estrada no Oeste no final de Setembro

Os dois lanços das auto-estradas Caldas da Rainha-Leiria (A8) e Caldas da Rainha-Santarém (A15), concessionados à Auto-Estradas do Atlântico, vão entrar em funcionamento a 30 de Setembro. Estas foram as duas primeiras auto-estradas concessionadas em Portugal, pelo então ministro das Obras Públicas João Cravinho, em 1996, que transferiu para a empresa o lanço já construído da A8 entre Loures e as Caldas da Rainha.Ao abrigo dessa concessão, a empresa comprometeu-se a realizar 47 quilómetros da A8, até Leiria, e 36 quilómetros da A15, até Santarém. Ontem, numa visita às obras da A8, com a presença do secretário de Estado das Obras Públicas, Vieira da Silva, o presidente da concessionária, Luís Sereno, garantiu que ambos os lanços de auto-estradas vão ser inaugurados a 30 de Setembro. De fora fica apenas um pequeno troço de 4,7 quilómetros, entre a Marinha Grande e Leiria (Parceiros), que foi objecto de reformulação, devido à necessidade de mais expropriações, e que obrigou ao adiamento da conclusão da obra para o final de Março de 2002.Neste momento a A8, tal como a A15, está quase pronta, havendo só um ligeiro atraso junto à Cela Velha, no concelho de Alcobaça, onde surgiram problemas com o nível freático. Luís Sereno explicou que, apesar de ter chovido intensamente entre Outubro de 2000 e Maio deste ano, os trabalhos não foram perturbados. A A8 irá cumprir o projecto aprovado pelo Governo e terá sete nós de ligação, dois túneis e nove viadutos, que representam 8 por cento da extensão da obra.O presidente da empresa não quis adiantar o valor das portagens nestes dois lanços da A8 e A15, mas admitiu que deverá rondar os 11$00 por quilómetro, o que significa que de Caldas a Leiria a portagem deverá cifrar-se entre os 550$00 e os 600$00 e entre Caldas e Santarém rondará os 400$00. A A8 irá concorrer directamente com a A1 (Lisboa-Porto), uma vez que Leiria passa a dispor de duas ligações a Lisboa. Luís Sereno garante que em termos de portagens os custos vão ser muito semelhantes, referindo que as vantagens de cada via serão determinadas quer pelo estado do piso, quer pela origem e destino dos seus utilizadores. Em toda a A8, entre Lisboa e Leiria, o único troço que nunca será pago é entre o Bombarral e Caldas. Esta situação foi negociada na altura da atribuição da concessão, quando surgiu a "luta contra as portagens" no Oeste. Nesse troço até hoje não foram colocados postos SOS, mas isso deverá acontecer ainda este ano, garantiu Luís Sereno. A partir de Outubro, a administração da empresa espera na A8 um tráfego médio de 20 mil utilizadores por dia, número que "vai aumentar depois do início da exploração da Rede Litoral Centro", entre Leiria e a Figueira da Foz, dentro de três anos. A antecipação dessa obra obrigou a Auto-Estradas do Atlântico a alargar a via para Leiria de duas para três faixas, o que vai permitir uma maior fluidez do tráfego. No troço já em funcionamento, entre Loures e as Caldas da Rainha, está também prevista a criação de uma terceira faixa de rodagem, mas apenas a partir de 2010.Contudo, para a A15 as previsões de tráfego são menores, apontando-se para 10 a 15 mil utilizadores por dia. Segundo Luís Sereno, o "difícil será habituar os utilizadores a seguirem na boa plataforma [da A15] e depois entrarem na A8 já em funcionamento", construída pela Junta Autónoma das Estradas, e cujo piso está em más condições.O secretário de Estado das Obras Públicas considerou a A8 "decisiva" para a região, "que já de si tem um forte dinamismo". Quanto às eventuais vantagens de se optar pela A8 em detrimento da A1, Vieira da Silva escusou-se a tecer qualquer comentário. Como é habitual acontecer em obras públicas, também na construção dos lanços da A8 e da A15 ocorreu uma pequena derrapagem financeira. De acordo com a empresa concessionária, a obra vai custar 83 milhões de contos, uma vez que são necessários oito milhões para trabalhos a mais. Contudo, desta vez a derrapagem será suportada pela concessionária e não pelos contribuintes.

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