Guterres privilegia independentes

Foto
A remodelação governamental acentua a importância de Guilherme d´Oliveira Martins no Executivo de António Guterres PÚBLICO

A remodelação governamental, anunciada hoje pelo primeiro-ministro, António Guterres, privilegia a entrada de independentes para o Executivo e acentua a importância de Guilherme d´Oliveira Martins, que acumula as pastas da Presidência, que já ocupava, e das Finanças.

Entre o grupo de independentes destaca-se a presença de Rui Pena, um dissidente do PP de Manuel Monteiro e líder do movimento democrata-cristão - Humanismo e Democracia -, que aceitou o convite do primeiro-ministro para substituir Castro Caldas no Ministério da Defesa.Licenciado em Direito, o novo responsável pela Defesa esteve presente nas primeiras reuniões que levaram à formação do CDS, alcançando a liderança do Grupo Parlamentar do partido em 1982.
Entrando em ruptura com Manuel Monteiro, Rui Pena foi fundador do movimento Humanismo e Democracia, que tem três deputados na bancada do PS desde 1995.
Já para Luís Braga da Cruz, o substituto de Mário Cristina de Sousa no cargo de ministro da Economia, esta é a sua primeira experiência governativa.
Do currículo deste engenheiro civil, que presidia à Comissão de Coordenação da Região Norte, fazem parte a administração da Fundação de Serralves entre 1988 e 1994, a Comissão do Conselho Nacional de Educação entre 1988 e 1995 e a Comissão Nacional do Programa Ciência, entre 1990 e 1993.
A maior surpresa do elenco, hoje apresentado, acabou por ser a nomeação de Júlio Pedrosa, reitor da Universidade de Aveiro, para a pasta da Educação. O novo titular da pasta da Educação foi uma das vozes mais críticas da política seguida pelo ex-ministro Santos Silva no ensino superior.
Reitor da Universidade de Aveiro desde 1994, Júlio Pedrosa herda dossiers bastante criticados do ensino básico, passando pelo ensino secundário e ensino superior.
Como principais "dores de cabeça", o novo ministro enfrentará a revisão curricular do básico e secundário, que não é aceite nem pelos estudantes nem pelos professores, e a regulamentação da Lei do Ordenamento do ensino superior, que desagrada às instituições privadas, aos estudantes das universidades e politécnicos e aos reitores.

Oliveira Martins continua em ascenção

As restantes nomeações recaíram sobre personalidades ligadas ao Partido Socialista. Oliveira Martins, após nove meses como ministro da Presidência, continua em ascensão nos Governos de António Guterres, passando agora a acumular a pasta das Finanças.Considerado um homem conservador e moderado, o novo responsável pelas Finanças estreou-se como ministro em 1999 na pasta da Educação, cargo em que se manteve durante dez meses até transitar para a Presidência do Conselho de Ministros.
De regresso ao Governo está António José Seguro. Depois de ter deixado, em 1999, o cargo de secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, optando por ser eurodeputado, Seguro aceitou o repto de Guterres e sobe para ministro Adjunto.
O novo responsável governativo, que foi líder da Juventude Socialista, entre 1990 e 1994, e é tido como um dos "delfins" de António Guterres, entrou pela primeira vez para o Governo em 1997, exercendo o cargo de secretário de Estado da Juventude.
A terceira opção pela "prata da casa" verifica-se com a passagem de Augusto Santos Silva da Educação para a Cultura, depois de nove meses de "paixão" conturbada.
Santos Silva teve, enquanto ministro da Educação, o seu percurso marcado por uma série de manifestações de alunos do secundário contra a revisão curricular, de greves e manifestações dos professores e de estudantes das universidades e politécnicos, que elevaram a voz contra o "insucesso escolar, as insuficiências da acção social, o insuficiente financiamento do sistema e a desresponsabilização do Estado face à Educação".
A mais recente polémica foi protagonizada pelos educadores de infância que pediram a Santos Silva a aplicação do calendário escolar em vigor nos restantes ciclos de ensino.

Correia de Campos, o "sampaísta" no Governo de Guterres

Para a difícil pasta da Saúde, Guterres socorreu-se de Correia de Campos, "sampaísta" e um dos maiores opositores das políticas para o sector dos Governos de Cavaco Silva.Actual presidente do Instituto Nacional de Administração (INA), Correia de Campos foi porta-voz do PS para a área da Saúde na época em que Jorge Sampaio foi secretário-geral do partido, em 1991, e conduziu a elaboração do Livro Branco da Segurança Social durante o primeiro Governo de António Guterres.
Integrou, ainda, dois Governos no pós-25 de Abril, nos cargos de secretário de Estado da Saúde, no Executivo de Maria de Lurdes Pintasilgo, e de secretário de Estado dos Abastecimentos, no Governo de Vasco Gonçalves, em 1975.
Ligado à Organização Mundial de Saúde, Correia de Campos foi durante muitos anos funcionário do Ministério da Saúde, onde chegou a secretário-geral.

Remodelação

  • Ministro da Presidência e das Finanças - Guilherme d´Oliveira Martins


  • Ministro Adjunto - António José Seguro


  • Ministro da Saúde - Correia de Campos


  • Ministro da Defesa - Rui Pena


  • Ministro da Economia - Luís Braga da Cruz


  • Ministro da Educação - Júlio Pedrosa


  • Ministro da Cultura - Augusto Santos Silva

  • Sugerir correcção
    Comentar