Um juiz de instrução deverá encontrar-se hoje com Milosevic na prisão central de Belgrado, onde o ex-chefe de Estado está detido desde o dia 1 de Abril. Os resultados desse encontro deverão ser apresentados ao Tribunal Regional de Belgrado que deverá, nas 24 horas seguintes, decidir o destino de Milosevic. A defesa dispõe depois de três dias para apelar ao Supremo Tribunal. Por seu lado, o Tribunal Constitucional reúne-se amanhã para examinar o apelo apresentado segunda-feira àquela instituição pelos advogados de Milosevic. O tribunal irá pronunciar-se sobre a constitucionalidade - colocada em causa pela defesa do ex-Presidente - do decreto adoptado no dia 23 de Junho pelo Governo jugoslavo oficializando a sua cooperação com o TPI. O decreto, que entrou em vigor na segunda-feira passada, abriu o caminho à transferência de Milosevic para Haia, bem como uma quinzena de outros antigos dirigentes jugoslavos perseguidos pelo TPI.
Milosevic poderá ser julgado no TPI por crimes de guerra cometidos no Kosovo em 1999. O ex-chefe de Estado foi detido pela Justiça sérvia que o acusa de abuso de poder e desvios de dinheiros públicos.
Face à perspectiva de uma partida iminente, os partidários de Milosevic tentam agora opor-se à sua saída do país. Cerca de dez mil simpatizantes manifestaram-se ontem à noite pelas ruas de Belgrado gritando palavras de ordem como "Não entregamos ninguém" e "Exigimos a libertação de Slobodan".
O Presidente jugoslavo Vojislav Kostunica recebeu hoje uma delegação do Partido Socialista Sérvio tentando obter a anulação do eventual julgamento de Milosevic em Haia. Kostunica, conhecido pelas suas críticas ao TPI que já acusou de fazer uma "justiça selectiva", resignou-se, porém, a uma plena cooperação com esta instituição da ONU.