«Santa Mafalda» esperado em Aveiro por equipa de inspectores
Por decisão do armador, o navio deixou na madrugada de ontem o porto marroquino, com destino a Aveiro, embora não tenha sido ainda resolvida a avaria no sistema de frio em dois porões da embarcação, que está a provocar a deterioração de cerca de 400 toneladas de pescado. Uma equipa de inspectores nacionais e comunitários irá proceder às operações de verificação de descarga do “Santa Mafalda”, por ordem da Inspecção-Geral das Pescas.A decisão de fazer regressar a embarcação foi tomada pela nova gerência da empresa proprietária do navio, a António Conde & Companhia, Lda., da qual já não faz parte o empresário Taveira da Mota, que, nos últimos dias, travou uma guerra de palavras com o secretário das Pescas, José Apolinário. Taveira da Mota, que é administrador da Empresa de Pescas de Aveiro (EPA), antiga proprietária do navio, renunciou ao cargo de gerente da António Conde na passada sexta-feira, abrindo caminho para a resolução do impasse, que se arrastava desde os primeiros dias de Junho.
Depois de duas semanas de impasse, a empresa ordenou, finalmente, o regresso do navio a Portugal, para grande alívio dos tripulantes, que já tinham ameaçado abandonar o “Santa Mafalda”. Agora, a António Conde diz não ter nada a esconder e queixa-se de tratamento “discriminatório” por parte das autoridades portuguesas. António Taveira acusa mesmo Apolinário de o estar a perseguir. “Este Governo está de cabeça perdida”, resume.
José Apolinário, em entrevista a uma estação de televisão, acusou a empresa de tentar escapar à inspecção. Ontem, o governante, em declarações à TSF, referiu-se a Taveira como sendo “alguém que, de uma forma deliberada, procura fugir à fiscalização, porque está a incentivar e a ordenar uma pesca ilegítima e não reportada”.
A António Conde condena também a posição da ADAPI (Associação de Armadores de Pesca Industrial), que se demarcou do processo do “Santa Mafalda”, dizendo que o organismo liderado por Pedro França “tem manifestado uma estranha ausência de solidariedade para com um armador que enfrenta sérias dificuldades”.