Junta militar birmanesa liberta cinco deputados da oposição

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Suu Kyi exigiu ao Governo que libertasse progressivamente os militantes da LND e autorizasse o partido a retomar a sua actividade política DR

Os deputados hoje libertados estavam detidos há um mês numa "casa de hóspedes" do Governo em Thanlyin, perto de Rangum, a capital, informou a LND. O regime militar confirmou a libertação dos deputados e sublinhou que foi consequência do "entendimento concluído entre o Governo e a LND", passo significativo para o país onde as negociações políticas estão suspensas há décadas."Os cinco deputados encontraram-se com as suas famílias e estão de boa saúde", garantiu o porta-voz da junta militar.
Na semana passada, as autoridades birmanesas libertaram uma dezena de prisioneiros políticos, entre os quais oito deputados da LND. Este gesto — positivo, mas modesto, dado o número actual de detidos políticos (mais de mil segundo a Amnistia Internacional) — representa uma evolução no diálogo entre a junta e Aung San Suu Kyi, Prémio Nobel da Paz. Este desenvolvimento surge na sequência da recente visita do enviado especial do secretário-geral da ONU à Birmânia, o diplomata malaio Razali Ismail, que impulsionou a junta a iniciar o debate ao mais alto nível com a LND, o que viria a acontecer em Outubro passado, pela primeira vez desde 1994, com o objectivo de atingir a "reconciliação nacional".
Saudando as libertações da semana passada, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, garantiu que "não existe outra alternativa a não ser que as negociações actuais entre o Governo e Aung San Suu Kyi evoluam para a democratização e reconciliação da Birmânia".
As duas partes do conflito abstiveram-se voluntariamente, até ao momento, de fazer qualquer comentário sobre a situação mas sabe-se que estão previstas para breve mais libertações de detidos políticos. Fontes próximas do conflito, ouvidas pela AFP, afirmam que Suu Kyi exigiu ao Governo que libertasse progressivamente os militantes da LND, começando pelos doentes e mais velhos, e que autorizasse o partido a retomar a sua actividade política, nomeadamente a abertura de 18 delegações locais, que foram fechadas à força nos últimos anos.
A comunidade internacional exigiu, por seu lado, "garantias credíveis" da boa fé da junta militar.
Em Maio de 1990, a LND venceu de forma categórica as eleições legislativas democráticas, obtendo 392 dos 485 assentos, mas a junta recusou-se a abandonar o poder e não autorizou a convocação do novo Parlamento.

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