Sondagens negativas para os conservadores britânicos criam primeiras cisões
As sondagens que têm sido publicadas nos últimos dias apontam para uma desvantagem dos conservadores na ordem dos 15 a 20 por cento em relação aos seus rivais de esquerda e, apenas a seis dias do escrutínio, são poucos os que acreditam que os "tories" consigam ultrapassar essa barreira.O semanário "The Economist" lançou hoje mais uma pedra para o charco eleitoral ao apelar ao voto no actual primeiro-ministro, Tony Blair, que segundo a publicação "é hoje o único 'conservador' credível". "Votem conservador" é o título de um artigo de opinião ilustrado por uma foto-montagem em que o rosto de Tony Blair aparece moldado pelos cabelos e orelhas da antiga primeira-ministra conservadora Margaret Tatcher.
Depois da derrota em 1997, que afastou os "tories" do poder, um novo revés nas eleições era já de esperar, mas até agora o partido mantinha uma férrea disciplina em torno do seu líder, William Hague. No entanto, a imprensa britânica de hoje noticia as primeiras movimentações no seio do partido a pensar já na substituição de Hague.
A edição de hoje do diário "Guardian" anuncia que os adeptos de uma maior integração britânica na União Europeia, liderados pelo comissário europeu Chris Patten, vão lançar, logo no dia seguinte às eleições, um ataque contra a estratégia anti-europeísta do actual líder, que, afirmam, se revelou "um erro estratégico".
Mas ao mesmo tempo que os conservadores se afundam, surgem vozes que alertam para os perigos que uma maioria esmagadora trabalhista podem criar para a democracia. Depois das afirmações de Hague - que numa entrevista à BBC afirmou que uma vitória esmagadora de Blair constituiria "um perigo para a democracia" - e de Margaret Tatcher - que num artigo publicado pelo "Daily Telegraph" avisava para os perigos de uma "ditadura democrática" - foi a vez do "Financial Times" lembrar que, "a menos que as sondagens estejam muito enganadas, Blair regressará na próxima semana ao número 10 de Downing Street como o mais poderoso primeiro-ministro da história britânica". "Saberemos muito rapidamente se ele tem simplesmente intenção de admirar a nova paisagem política ou de a aproveitar para construir qualquer coisa", acrescenta o editorial do jornal britânico.Reagindo a estas afirmações, Tony Blair afirmou, durante a conferência de imprensa diária do partido, que estes temores "são a última táctica dos conservadores". "Eles estão numa situação dramática em que apelam ou à abstenção ou ao voto conservador, não porque tenham qualquer proposta para a economia, as escolas ou os hospitais mas para reduzir a pretendida maioria trabalhista numa eleição que ainda não teve lugar", concluiu