Fim-de-semana complicado na estação da Senhora da Hora

Às 9h00 da manhã de ontem, Vítor Pedrosa entrava no comboio Intercidades na estação do Entroncamento. Chegado á estação de Campanhã, no Porto, apanhou um comboio suburbano que o deixou na esaçao de S. Bento e daí seguiu, a pé, até à estação da Trindade. Quando lá chegou, e para seu grande espanto, a estação estava fechada e sem um único funcionário presente para dar informações. Folhetos informativos também não havia, nem qualquer indicação sobre o local onde os utentes se deveriam dirigir para voltar a embarcar. Apenas graças ao dono do quiosque de jornais Vítor Pedrosa soube que, para aceder ao comboio para a Póvoa de Varzim, tinha que se dirigir à Praça da República e meter-se num autocarro que o levaria à estação da Senhora da Hora. E soube ainda o caminho para a dita praça. Chegado à estação da Senhora da Hora, este senhor, já de idade considerável, descobriu que teria de andar a pé até à Rotunda dos Produtos Estrela - "mas onde fica isso, é longe?" -, apanhar outro autocarro até à estação de Pedras Rubras, na Maia, e finalmente entrar no comboio até á Póvoa. Se nem as pessoas daqui sabem como isto funciona, imagine a confusão que isto é para quem vem de fora...", desabafava.Ao longo do dia de hoje, tal como ontem, o acesso dos utentes da linha da Póvoa e da Trofa às composições da CP a partir da Baixa do Porto está envolvido nesta "complexidade". Com o corte da circulação dos comboios entre as estações da Senhora da Hora e da Trindade - para a instalação dos carris da primeira fase do metro -, as viagens deveriam, em princípio, começar e terminar na Senhora da Hora. Só que a necessidade de se proceder a trabalhos de "adaptação" daquela estação à nova realidade de transportes, obrigou a interromper o seu funcionamento durante o fim-de-semana.Conclusão: a confusão instalou-se, e só não foi pior porque o fim-de-semana não é propício a grandes movimentos de população. Enquanto equipas ao serviço da Metro do Porto ultimavam todos os preparativos para a substituição do serviço de comboio pelos novos autocarros alternativos, as pessoas que demandavam as estações desesperavam sem informação. "Três bilhetes para a Póvoa", pedia um adolescente ao balcão da estação da Senhora da Hora. Pacientemente, o funcionário indicava: "Tem que se dirigir à Rotunda dos Produtos Estrela, apanhar o autocarro até Pedras Rubras e depois entrar no comboio...". "Por favor, quando muda este país?", gritava o jovem para os seus colegas, à saída da estação.Para quem pretendia utilizar a linha da Trofa, o sistema era ligeiramente diferente. Dirigia-se na mesma aos Produtos Estrela - onde em nenhuma paragem constava qualquer tipo de informação sobre o serviço alternativo ao comboio -, apanhava o autocarro e seguia até à Trofa, com paragem em todas as estações onde também para o combóio. "Mas se as pessoas já vêm em autocarro alternativo desde a Trindade, porque não podem ficar já nestas paragens, em vez de virem a pé desde a estação?", questionava Vítor Pedroso.A partir de amanhã, a situação será simplificada, uma vez que todas as composições vêm na linha do caminho-de-ferro até à Senhora da Hora. Na estação, foram construídas quatro plataformas de estacionamento, pois passa a funcionar aí o terminal ferroviário. E numa praça arranjada para o efeito, estão já sinalizadas as paragens para os dois serviços alternativos de acesso à Baixa: a linha Amarela (até à Boavista e interface do Bom Sucesso) e a linha Azul (até à Praça da República). O trajecto reproduz o das comboios: Circunvalação, Ramalde, Francos e Avenida 5 de Outubro. Nesses autocarros só serão válidos os títulos da CP.As partidas na Senhora da Hora começam às 6h35 e o serviço termina à 1h35. No terminal do Bom Sucesso o horário do primeiro autocarro é às 7h35, e o último às 0h15. Na Praça da República o serviço vai das 5h20 às 0h00. Como explicou ontem ao PÚBLICO o presidente da Metro do Porto, Oliveira Marques, a frequência dos serviços alternativos será estabelecida de forma a que, "sempre que chega um comboio, estejam disponíveis os autocarros em número suficiente para todos os passageiros". Também disponíveis estarão funcionários da Metro do Porto que, nos próximos três meses, darão todas as informações pedidas pelos utentes, assim como a Linha Azul 808 20 40 30, que ontem entrou em funcionamento.Em Novembro de 2002, quando entrar em funcionamento a primeira fase do metro, começa a intervenção nas linhas de caminho-de-ferro desde a Senhora da Hora até à Póvoa e à Trofa. Ou seja, como notou Oliveira Marques, "a CP desaparece naquelas linhas, que depois ficam a ser do Metro". Nessa altura, os transportes alternativos vêm desde a Póvoa e a Trofa até à estação de metro da Senhora da Hora.

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