«Alferes» de Júlio Alves conquista o Prémio da Melhor Curta-Metragem em Montevideu

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«Alferes» conta a história de um jovem oficial que pisa uma mina e não se pode mexer até que uma brigada a desactive DR

"Alferes", de Júlio Alves, conquistou o Prémio da Melhor Curta-Metragem do XIX Festival Internacional de Cinema de Montevideu, no Uruguai, que decorreu entre 7 e 22 de Abril.

"O Círculo" (a estrear brevemente em Portugal), de Jafar Panahi, ganhou o Prémio para o Melhor Filme e o Prémio do Público, por defender os "valores humanos, sobretudo os direitos das mulheres".Baseado no conto "Era uma vez um Alferes", de Mário de Carvalho, (já objecto de uma adaptação num telefilme de Luís Filipe Costa), a curta de Júlio Alves decorre no Nambirre, em África, durante a Guerra do Ultramar.
Logo no início ouve-se um estalido metálico, seco. Um jovem alferes pisou uma mina e aguarda, sem se poder mover, que uma brigada venha desactivar o engenho e salvar-lhe a vida. A curta conta com as interpretações de José Airosa, Rogério Samora, João Grosso e João Didelet.
"O Círculo" é a terceira longa-metragem de Jafar Panahi e retrata a violência exercida sobre as mulheres na sociedade iraniana. Panahi mostra esta situação através da vida de sete mulheres sobre as quais se abate o cruel e institucional patriarcado, a lei dos homens.
O filme começa com uma mulher a dar à luz uma menina. O pai e a família queriam um rapaz. Três outras mulheres saem da prisão. Uma rapariga tenta desesperadamente conseguir dinheiro para comprar um bilhete de autocarro para voltar a casa. Uma prostituta resignada. Uma mulher que abandona a filha na rua, na esperança que alguém a adopte. Todas estas histórias de Panahi cruzam-se e fecham-se num círculo, que mostra uma sociedade onde uma mulher não pode acender um cigarro em público, não pode andar de carro com alguém que não seja da família.
"Pela primeira vez um cineasta iraniano fala directamente dos problemas sociais do seu país sem utilizar o registo do conto ou da metáfora", escreveu o crítico Jean-Marc Lalanne no diário francês "Libération".
O filme de Panahi tinha também já conquistado o Leão de Ouro no Festival de Veneza.

Os outros galardões

Foram ainda atribuídas duas menções honrosas às longas-metragens "Infidelidades", de Liv Ulmann; e "Mentiras", de Jang Sun-Woo."Je chanterai pour toi", de Jacques Sarasin, conquistou o prémio de melhor documentário e "Reanimación", de César Peña e Samuel Restucci, o prémio de melhor animação.
O festival começou no dia 7 de Abril com a exibição do filme "En la puta vida" da realizadora uruguaia Beatriz Flores Silva, que retrata a história recente de uma rede de tráfico de mulheres entre a América Latina e a Europa.

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