Investigador quer desenterrar o caso do Estrangulador de Boston

Num período de menos de dois anos, entre 14 de Junho de 1962 e 4 de Janeiro de 1964, treze mulheres foram assassinadas na zona de Boston. Os crimes tiveram duas fases distintas - na primeira as mulheres assassinadas tinham geralmente mais de 50 anos; na segunda eram jovens entre os 20 e os 30 anos. Todas tinham sido violadas ou sofrido alguma forma de violência sexual.Os corpos eram deixados em exposição, como se o assassino estivesse a pensar em quem os iria encontrar, e frequentemente com requintes macabros - um tinha mesmo um cartão de boas festas junto aos pés. Todas as mulheres tinham sido estranguladas, normalmente com as próprias meias de vidro ou outra peça de roupa. Em nenhum caso havia sinal de entrada forçada nos apartamentos. E a polícia não conseguia encontrar uma única pista válida. Boston estava aterrorizada com O Estrangulador. As mulheres que viviam sozinhas - ao contrário de Jack o Estripador, cujas vítimas eram prostitutas, neste caso eram mulheres recatadas, com vidas pacatas - punham garrafas às entradas das portas para ouvirem se um estranho se aproximasse. Mas o facto de não haver sinais de entrada forçada levava a polícia a concluir que ou as vítimas conheciam o assassino (ou os assassinos, já que esta era também uma possibilidade) ou este era extremamente persuasivo. As investigações arrastaram-se durante algum tempo. Quando vários homens tinham já sido excluídos da lista de suspeitos, o caso do Estrangulador de Boston sofreu uma reviravolta inesperada. Albert DeSalvo estava preso por crimes menores, mas que envolviam também entrada em apartamentos de mulheres e uma ou duas violações - sem assassínio. Enquanto estava detido, DeSalvo conheceu uma personagem estranha, George Nassar, preso pela morte de um homem e, segundo a polícia, dono de uma inteligência invulgar. Os dois tornaram-se bastante próximos. Foi algum tempo depois disso que Albert subitamente anunciou ao seu advogado que era o Estrangulador e que queria confessar os seus crimes. Pretendia, contudo, vender a sua história aos jornais e, com o dinheiro, garantir o sustento da mulher e filhos, uma questão que o preocupava muito. Apesar de, durante os interrogatórios, DeSalvo descrever os crimes com todos os detalhes - muitos deles tinham vindo nos jornais, mas havia alguns que só os investigadores, e o assassino, podiam conhecer - quase toda a gente que o conhecia recusava-se a acreditar que aquele homem discreto e tímido pudesse ter cometido actos tão violentos. Mas não havia nada a fazer. DeSalvo confessara e não existia outro suspeito. Isto apesar de duas testemunhas que o deveriam identificar terem dito não o reconhecer, ao mesmo tempo que se mostravam extremamente perturbadas quando, na mesma sala de identificação, viram George Nassar. Hoje, quase 40 anos depois, James Starrs, um professor de direito e especialista em técnicas de medicina forense, quer regressar ao caso do Estrangulador de Boston para tentar perceber se Albert DeSalvo foi ou não o culpado. Starrs usou técnicas modernas noutros mistérios antigos e conseguiu chegar a conclusões: por exemplo no caso de Frank Olson, que em 1953 tomou LSD como parte de uma experiência da CIA e uma semana mais tarde lançou-se de uma janela do seu quarto de hotel; investigando o cadáver, Starrs concluiu que um golpe que sofrera na cabeça fora infligido antes da morte e "com aquele hematoma, ele não podia ter saltado da janela sozinho".A família de Mary Sullivan, uma das vítimas do Estrangulador, vai autorizar a exumação do seu corpo para Starrs poder investigar. Talvez ele consiga decifrar o enigma do poema que DeSalvo escreveu na prisão, em 1973, pouco antes de ser inexplicavelmente assassinado à facada, e que terminava assim: "People everywhere are still in doubt/ Is the Strangler in prison or roaming about?" (Toda a gente continua com dúvidas/ Está o Estrangulador na prisão ou anda por aí?).

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