Enviado da ONU chega hoje à Libéria
As Nações Unidas consideram a situação dramática e qualificaram-na mesmo como uma das piores crises humanitárias no mundo. O chefe do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) na região, o ex-primeiro-ministro holandês Ruud Lubbers, exigiu a abertura de corredores humanitários para retirar 400 mil refugiados liberianos e serra-leoneses no país vizinho. Estas pessoas, que se encontram concentradas nas regiões de Macenta e Gueckedou, foram fugindo das guerras civis, que deflagraram nos seus países de origem desde o início dos anos 90. Lubbers, que esteve reunido na terça-feira com o Presidente da Serra Leoa, Ahmed Tejan Kabbah, pretende assegurar um compromisso dos intervenientes no conflito e está disposto a encontrar-se com a Frente Revolucionária Unida, RUF (movimento rebelde apoiado pelo regime liberiano de Charles Taylor), parte importante no processo, na medida em que controla zonas por onde eventualmente passará o corredor.
Em conferência de imprensa, Kabbah acolheu com agrado a ideia do emissário da ONU, mas impôs algumas condições. O chefe de Estado serra-leonês afirmou que o corredor deveria passar pelo distrito de Kailahun, área controlada pelos rebeldes, tendo estes de abdicar do seu domínio. A operação de regresso dos milhares de serra-leoneses e liberianos seria acompanhada pela força de segurança da Comunidade da África Ocidental, ECOMOG.
Os rebeldes da RUF mostraram-se igualmente dispostos a aceitar um corredor humanitário, pretendendo encetar conversações com Lubbers. Rejeitaram, porém, a sua desmobilizarão enquanto Kabbah se mantiver na Presidência.
O representante da ONU revelou que a sua proposta só é possível com a cooperação da RUF e da Libéria, país onde chega hoje para iniciar conversações. Entretanto, as organizações humanitárias deparam-se com enormes dificuldades para prestarem auxílio aos milhares de refugiados.