Equador em estado de emergência devido a protestos dos indígenas
A decisão de Noboa está relacionada com o facto dos manifestantes exigirem conversações com o próprio Presidente e não com um dos seus ministros. Mais de seis mil indígenas prosseguem desde segunda-feira os seus protestos, na capital Quito, contra o aumento dos preços dos combustíveis e dos transportes. Esta é a terceira rebelião do género em três anos.
Dos 12,5 milhões de equatorianos, os índios, cerca de quatro milhões, são a parte mais pobre da população e as principais vítimas do novo programa económico.
Depois de uma série de incidentes e interpelações, nos últimos dias, ontem o diálogo foi restabelecido entre três ministros e três representantes da população índia, reunida no seio da Confederação das Nações Indígenas do Equador. Mas agora as conversações regressaram a um impasse com António Vargas, líder da organização - libertado anteontem depois de ter sido acusado de instigar à revolta - a culpar o Governo pela suspensão do diálogo.
Vargas tinha sido há um ano atrás o principal impulsionador do golpe de estado contra Jamil Mahuad. E o estado de emergência agora declarado surge como forma de prevenir uma repetição dos acontecimentos de 21 de Janeiro de 2000, e permanecerá em vigor até que a situação no Equador esteja regularizada. O Governo pode agora proibir ajuntamentos populares, as viagens dentro do país e validar a inspecção a residências privadas e o uso da força por parte da polícia e dos militares.