Árabes israelitas apelam ao boicote
Uma centena de carros cobertos com cartazes apelando aos árabes israelitas para que não votem nem no primeiro-ministro demissionário, Ehud Barak, nem no líder do partido de direita Likud, Ariel Sharon, percorreram várias aldeias e cidades do norte de Israel."Não às eleições", "Não a Barak e a Sharon", "Sim ao boicote" ou "Se os mártires votarem nós também votaremos" eram alguns dos "slogans" escritos nos cartazes, colocados lado-a-lado com bandeiras palestinianas.
A caravana contou com a presença de vários políticos e intelectuais da comunidade árabe, que representa mais de um milhão de pessoas, num total de 6,4 milhões de cidadãos israelitas.
Os árabes israelitas, que representam 13 por cento do eleitorado, eram considerados próximos do Partido Trabalhista, mas a política levada a cabo pelo executivo de Barak em relação aos palestinianos no início da Intifada al-Aqsa, no passado dia 28 de Setembro - após uma visita de Ariel Sharon ao Pátio das Mesquitas, o terceiro lugar mais sagrado para os muçulmanos -, afastou-os do Governo de esquerda.
Também hoje, cerca de 50 israelitas, judeus e árabes apelaram num cartaz publicitário, publicado na edição em inglês do jornal liberal "Haaretz", ao boicote às eleições da próxima terça-feira.
Com o título "Não a Barak, não a Sharon", os signatários, entre eles jornalistas, escritores e sociólogos, defendem que os dois candidatos representam uma "ameaça à paz" e podem "conduzir a região para uma guerra".
O líder da direita israelita, grande favorito para as eleições de dia 6, reiterou hoje, numa entrevista ao diário "Maariv", a sua intenção de formar "um Executivo de unidade nacional" com os partidos de esquerda, caso vença o escrutínio.Sharon voltou a propor ao seu rival um lugar no futuro Executivo, oferecendo-lhe o cargo de ministro da Defesa.
Interrogado sobre esta proposta, Barak limitou-se a repetir que irá recusar fazer parte de um Governo de unidade nacional com os aliados de extrema-direita de Ariel Sharon. "Não houve, nem haverá contactos para formar um Governo de unidade nacional", afirmou Barak. "O meu partido e eu mesmo não vamos fazer parte um Governo que inclua a extrema-direita", acrescentou.
Apesar de conhecer as reticências de Barak, Sharon confirmou que a sua primeira prioridade em caso de ser eleito será a constituição de um Governo de unidade nacional, uma aposta considerada necessária, tendo em conta que nenhum dos dois principais partidos israelitas conta sequer com uma maioria relativa no Knesset, o Parlamento israelita. "É necessário alcançar rapidamente uma união e eu não pouparei esforços para formar um Governo desse género", defendeu.