Torne-se perito

Big TVI bate SIC

A maior parte dos que vêem televisão não quiseram perder pitada da agressão, dos choros, da despedida e das explicações do próprio em directo. O interesse pelo incidente do Big Brother foi tal que a TVI atingiu números impressionantes de audiência durante todo o dia de ontem, ultrapassando a SIC. Só o futebol tinha conseguido chegar perto de tal proeza.

Nem o enredo da telenovela brasileira, nem um retrato nacional sobre quarentões, nem sequer um telefilme. A maior parte dos portugueses, na quinta-feira, só se interessou por uma coisa em televisão: o "pontapé" do concorrente Marco à concorrente Sónia dentro da casa do Big Brother e as explicações do agressor em directo no Jornal Nacional. A TVI tornou-se na estação mais vista em Portugal. Foi a segunda vez que, em cinco anos, no total do dia, destronou a liderança absoluta da SIC. Na quinta-feira, a TVI atingiu 40,7 por cento de "share", conquistando mais quatro pontos do que a SIC (36,7 por cento). A RTP1 não foi além dos 17,2 por cento e a RTP2 registou os habituais 5,1 por cento. Apesar da Final da Taça de Portugal, em Maio, já ter proporcionado à estação de José Eduardo Moniz a ultrapassagem da SIC no total do dia em escassas décimas, desta vez a distância entre os dois canais foi maior. Desde que de manhã se soube da agressão e expulsão do concorrente que todas as atenções se viraram para a TVI. A primeira oportunidade para ver as imagens foi no TVI Jornal, à hora de almoço. Este noticiário obteve o maior "share" de sempre, com 39,8 por cento (SIC 31,2 por cento e RTP1 26,9 por cento). Mas o "pico" máximo do dia foi atingido no Jornal Nacional quando o concorrente expulso era o convidado de Manuela Moura Guedes: 2,7 milhões de espectadores, o equivalente a 67,1 por cento de "share". Este noticiário, que tem rondado a casa dos oito por cento de audiência, registou também o seu melhor valor de sempre: 23,3 de audiência média e 54,9 de "share". Foi visto por 2,1 milhões de espectadores e inverteu a posição do líder - o Jornal da Noite - para segundo lugar, ficando o Telejornal com 8,7 por cento de audiência média e 20,8 por cento de "share". O compacto do dia de Big Brother - que mostrou a agressão e os momentos que se lhe seguiram até à expulsão - também registou um recorde: 60,5 por cento de "share" e 23,5 por cento de audiência média, o que representa 2,3 milhões de espectadores. Estes são os valores habituais de uma telenovela brasileira de horário nobre quando se aproxima do fim da história. A situação inverteu-se. É que Laços de Família foi batido aos pontos: 13,5 de audiência média e 32 por cento de "share". O telefilme "Aniversário" também foi afectado, ao ter registado apenas 10 por cento de audiência média e 38,9 de "share". No caso da RTP1, a estreia da série portuguesa Cruzamentos, que retrata um grupo de quarentões portugueses, foi ainda mais prejudicada - 3,3 por cento de audiência média e 7,8 por cento de "share". O incidente arrastou também público para outros programas da TVI. A série Jardins Proibidos registou 42,3 por cento de "share" e o programa 112 (uma viagem pela noite nos carros de polícia) obteve 40,3 por cento de "share". O director-geral da estação, José Eduardo Moniz, reconhece o papel do concurso. "O programa tem tido um papel importantíssimo na provocação que é feita aos espectadores para virem à TVI, mas temos muitos outros programas de qualidade", afirmou ontem em declarações à TSF. Na SIC, reina o silêncio. Embora a liderança diária de televisão seja por enquanto uma situação pontual, a TVI abriu garrafas de champanhe. É que este impulso dado pelo imprevisível incidente no Big Brother colocou a estação num patamar que pode permitir, nos próximos tempos, voltar a pregar sustos à SIC.

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