Fábulas do Zoo de Lisboa

Há meses, reuniu-se uma estranha manifestação à porta da Assembleia da República: contava com a presença de um leão, um tigre e dez lémures, e reivindicavam dinheiro para as obras no Zoo requeridas por directiva comunitária. E conseguiram. Mas não foi a primeira vez, nem será a última, que os animais fizeram ouvir a sua voz. Uma breve história do Jardim Zoológico de Lisboa

Nunca se tinha visto nada assim. Felinos no Parlamento, só mesmo os dois leões de pedra que guardam a escadaria do edifício. Mas em 11 de Novembro passado, um leão e um tigre de carne e osso foram levados até S. Bento, com o objectivo de sensibilizar os deputados para as dificuldades financeiras do Jardim Zoológico de Lisboa. Até finais de 2003, o Zoo terá que dispender seis milhões de contos em obras de adaptação às novas directrizes comunitárias sobre animais em cativeiro. Caso contrário, corre o risco de encerrar. Infelizmente, aflições deste tipo fazem parte da história do Zoo lisboeta. Ao longo dos seus 106 anos, o Jardim viveu quase sempre na corda bamba, ameaçado por problemas financeiros e mal compreendido pelos governantes, apesar de ter sido declarado instituição de utilidade pública em 1913. Sem a dedicação de algumas boas almas, combinada com certa teimosia, há muito que a bicharada se teria extinguido para os lados das Laranjeiras.O Zoo de Lisboa foi idealizado por um médico holandês radicado em Portugal. Pedro van der Laan, oftalmologista de renome, amigo do rei D. Luís, era um apaixonado por animais. Possuía um pequeno parque zoológico, na zona de Santa Isabel, com macacos, crocodilos e uma enorme variedade de aves. Por volta de 1882, Van der Laan planeia a criação de um jardim zoológico em Lisboa, à imagem dos que existiam noutras cidades europeias. A iniciativa desperta desde logo o interesse da sociedade lisboeta e de personalidades ligadas ao meio científico, como o célebre médico Sousa Martins e o zoólogo José Vicente Barbosa du Bocage. Os primeiros zunzuns sobre o Jardim surgem no "Diário de Notícias" de 3 de Agosto de 1882. "Consta que se está tratando seriamente, por iniciativa do dr. Van der Laan, amador entusiasta e proprietário do maior aviário de Portugal, auxiliado pelos distintos professores drs. Bocage, Bento de Sousa, Sousa Martins e May Figueira, de fundar num dos lugares mais apropriados da capital, um estabelecimento tão agradável para Lisboa, quanto útil para todo o país. Formar-se-á uma sociedade de zoologia e de aclimação de animais e de plantas úteis e ornamentais, com aquário, como já existe, de primeira ordem, no Bois de Boulogne (Paris) e na Haia (Holanda)". Visivelmente entusiasmado, o "Diário de Notícias" encarava os jardins zoológicos como "estabelecimentos indispensáveis à educação, gozo e recreio do espírito nos povos cultos".Secundada pelas elites e apoiada pela imprensa, a ideia ganha forma. Lisboa tinha um clima ameno, favorável à adaptação da fauna exótica, e o país dispunha de colónias em África, que seriam uma fonte quase inesgotável de animais. Como se lê numa circular emitida pelo grupo promotor do projecto, o Zoo de Lisboa podia ser o primeiro da Europa, "pela facilidade de aquisição de espécies" e "pela facilidade de conservação dos animais, visto que na Europa nenhum outro clima é mais do que o nosso propício à vida dos animais exóticos".Nos finais de 1882, Van der Laan visita diversos jardins zoológicos europeus, onde recolhe elementos para iniciar os trabalhos de instalação. Um ano depois estavam criadas as condições para a constituição da Sociedade do Jardim Zoológico e de Aclimação em Portugal. Com um capital de 300 contos, a sociedade contava com o apoio do rei D. Fernando II, seu presidente honorário, e de nomes sonantes da época. Entre os subscritores da sociedade figuram políticos como António Augusto de Aguiar, Bernardino Machado e Miguel Bombarda, literatos e artistas como Camilo Castelo Branco, Ramalho Ortigão, Oliveira Martins e Rafael Bordalo Pinheiro, aristocratas e grandes empresários.Faltava arranjar um espaço para o jardim e os seus imprescindíveis "hóspedes", os animais. Valendo-se das suas influências, a sociedade consegue o empréstimo, por cinco anos, do Parque de S. Sebastião da Pedreira, um recinto amuralhado com cerca de 15 hectares, sito na actual Rua Marquês de Fronteira. O parque, propriedade de Maria das Dores de Almeida Pinto e do seu marido, João António Pinto, dispunha de óptimas condições. A vegetação era abundante e não faltavam pequenos riachos, tanques e lagos. O ambiente ideal para os 1127 animais, de 205 espécies, que a sociedade conseguiu reunir. Uns foram comprados, como a colecção de aves de Pedro Van der Laan, outros doados por benfeitores. O rei D. Luís contribuiu com 17 bichos, entre os quais dois ursos. Sousa Martins, por seu turno, ofereceu 18 animais.As portas do Jardim abriram oficialmente em 28 de Maio de 1884, num ambiente de festa. A família real compareceu em força, assim como o governo, chefiado por Fontes Pereira de Melo. Ao toque da banda da Guarda Municipal, acorreram à inauguração "muitas pessoas de diferentes classes, que podiam, para sua ilustração, avaliar bem a importância de um jardim zoológico", refere o "Diário de Notícias". Supõe-se que os visitantes não deram o tempo por mal empregue. Pelo preço de 100 réis, podiam contemplar-se animais de paragens longínquas: gazelas, avestruzes, antílopes, camelos, macacos, cangurus, abutres, tucanos. A estes "forasteiros", juntavam-se portuguesíssimos lobos, javalis, texugos, mochos, ovelhas e cegonhas. Existia ainda um lago com cisnes, um coreto, um botequim-restaurante e uma barraca onde se podia comprar comida para alguns animais. Nos primeiros sete meses, afluíram ao Zoo 169.143 pessoas, o correspondente a uma média diária de 776 entradas. A tesouraria registou um saldo positivo de cerca de seis contos. Como recorda Fernando Emygdio da Silva, no seu livro "História do Jardim Zoológico de Lisboa", viveram-se "meses de euforia". No entanto, passada a novidade, começaram os apertos. As entradas diminuíram e com elas os rendimentos do Jardim. A administração, presidida pelo visconde de S. Januário, queixava-se da falta de transportes até S. Sebastião da Pedreira e lamentava o incumprimento de algumas promessas nesse domínio. Um caminho de ferro funicular e um sistema de tranvias, que devia ligar o Rossio ao apeadeiro do Rego, continuavam no papel. Apesar das boas palavras, o governo não ajudava. Na Câmara Municipal de Lisboa (CML) notava-se "o mesmo ambiente... de simpatia, essa imoderada, e de nenhum auxílio, esse também sem variação", escreve Emygdio da Silva. No final de 1886, o número de entradas tinha baixado para 131.406 e a receita anual diminuído em cerca de sete contos. A CML decidiu conceder ao Jardim um subsídio anual de seis contos, mas o governo continuava a fazer orelhas moucas aos pedidos da administração. Como medida de recurso, esta vê-se obrigada a reduzir as despesas e a contrair empréstimos. De acordo com Emygdio da Silva, em 1888 registou-se até uma greve de tratadores. "Melindrados com a desconfiança de um comissário de polícia que os chamou à sua presença para averiguar de uns roubos feitos no jardim", os tratadores "pediram como desagravo... um aumento de salário". Para complicar a situação, em 1892 morrem Maria das Dores de Almeida Pinto e João António Pinto, os cedentes do Parque de S. Sebastião. Os herdeiros não estão dispostos a renovar o contrato e o Zoo vê-se forçado a mudar de casa. A hipótese inicial é a ocupação de uma parcela no Bairro Camões, entre a Rua de Santa Marta e a Avenida Duque de Loulé. Mas as negociações com os proprietários falham. A solução é o arrendamento de um terreno baldio, com apenas seis hectares, na zona de Palhavã, perto da actual Avenida de Berna. O novo Zoo abre ao público em 13 de Maio de 1894, mas as diferenças em relação ao Parque de S. Sebastião eram abissais. O terreno, para além de diminuto, não estava arborizado, o que reduziu os atractivos do Jardim. Em 1894, o número de entradas ficou-se pelas 38.518. A administração tentava endireitar as finanças através das mais variadas iniciativas, umas bem sucedidas, como a exportação de chimpanzés e grous coroados para zoos americanos, outras nem tanto. Foi o caso de uma série de exibições aerostáticas - um espectáculo muito popular da época -, contratada com um balonista de nome Eugéne Godard. À última hora, porém, Godard rescinde o contrato, deixando os bem intencionados administradores do Zoo a olhar para o balão. Na viragem do século, porém, as coisas começaram a compor-se. Em 1899, o Jardim é declarado instituição de utilidade pública, o que lhe dá direito ao fornecimento gratuito de 15 mil litros de água por dia. Ao mesmo tempo, a benevolência de alguns credores permite a redução do passivo. O problema das instalações é que não estava resolvido. Como o arrendamento dos terrenos de Palhavã expirava em 1905, a administração do Zoo, presidida por Ramada Curto, pondera a transferência para outro poiso, de preferência mais aprazível. Ramada Curto entende-se com o conde de Burnay e consegue o arrendamento da Quinta das Laranjeiras, propriedade deste último, pelo prazo de 19 anos.A terceira etapa da vida do Zoo de Lisboa inicia-se em 28 de Maio de 1905, exactamente 21 anos depois da abertura do Parque de S. Sebastião. A mudança foi benéfica sob todos os aspectos. Em contraste com o acanhado e árido recinto de Palhavã, o Jardim dispunha agora de 94.100 metros quadrados, valorizados por uma magnífica vegetação. Devido a estas boas condições, os passeios no Zoo tornam-se um dos passatempos favoritos da burguesia lisboeta. Além do atractivo que os cerca de 1.200 animais constituíam, o Parque das Laranjeiras oferecia frequentemente exposições florais e concertos. Em Agosto de 1905, um episódio rocambolesco quebra esta monotonia de passeios domingueiros. Um leopardo evade-se de uma das jaulas, lançando a confusão no Jardim. Ao que parece, o animal assustou-se com uns ruídos e escapou-se pelo tecto da jaula. As autoridades reagiram com aparato digno de uma revolução. Piquetes de cavalaria da Guarda Municipal, companhias de infantaria da mesma guarda e da polícia, cercaram as Laranjeiras, enquanto dentro do Jardim se procurava localizar o bicho. Alguns empregados "correram em perseguição do animal aparecendo também o serralheiro Augusto António que trabalha ali perto e se propôs a dar caça à fera com uma enorme forquilha", conta a "Ilustração Portuguesa" de 14 de Agosto de 1905.O leopardo foi descoberto no meio de um silvado, junto à gaiola das águias. Segundo a "Ilustração", "dispararam-se logo alguns tiros que o feriram e o obrigaram a pôr-se em fuga deixando um rastro de sangue e indo cair à entrada do túnel das Águas Boas". Um militar, o 19 da 3ª companhia, aproximou-se. Ao vê-lo, o leopardo saltou, feriu-o no rosto e derrubou-o. "Diante de semelhante desgraça, os soldados atiraram de novo à fera numa confusão estranha e feriram o camarada, que se salvou das garras do leopardo devido à iniciativa do serralheiro Augusto António, que com uma coragem digna de registo avançou com a sua forquilha para o animal, trespassando-o. O soldado foi conduzido num carro eléctrico para o hospital de S. José onde ficou em estado grave".A fuga do leopardo não manchou a reputação do Jardim. O número de visitantes manteve-se estável e o saneamento financeiro prosseguiu. Em 1912, o arquitecto Raul Lino inicia uma colaboração com o Zoo que se manteve durante 52 anos. A preço de amigo, Lino desenhou o Solar dos Leões, o Cerrado dos Elefantes, a Ilha dos Ursos e a famosa Aldeia dos Macacos, obras que reflectem, à sua maneira, a filosofia arquitectónica do autor. Em vez de reproduzir o "habitat" natural dos símios, Lino preferiu "aportuguesá-los". O resultado foi uma Aldeia dos Macacos inspirada na visão idílica de uma aldeia portuguesa, com as suas casas típicas, o fontenário e o poço. Mas o maior capital do Zoo continuava a ser a simpatia que despertava. Em 1914 nasce o Grupo dos Amigos do Jardim, que, lembra Emgydio da Silva, poucos dias depois de formado "já estava negociando a compra de um elefante em Hamburgo... quando a Guerra Europeia o veio surpreender nas suas diligências..." A crise económica resultante do conflito abala as finanças do Zoo. Os salários dos trabalhadores aumentam, bem como o custo das rações dos animais. A administração do Jardim apela de novo aos poderes públicos. Forçado a abrir os cordões à bolsa, o Ministério da Instrução contribui com três contos, o primeiro subsídio pecuniário concedido pelo Estado ao Jardim. Na história do Zoo, 1918 foi o ano do hipopótamo. A Companhia da Zambézia doou um destes animais ao Jardim, que depressa se converteu na sua principal estrela. Graças ao hipopótamo, venderam-se mais 4 mil bilhetes do que no ano anterior, sinal de algumas melhorias na saúde financeira do Jardim. Beneficiando de uma lei de expropriação, foi possível, em 1920, comprar o parque das Laranjeiras à condessa de Burnay, o que solucionou de uma vez por todas a questão das instalações. "A Canção de Lisboa", uma das fitas mais populares do cinema português, catapultou o Zoo para a tela, em 1933. Vasquinho, pretenso médico, obrigado a mostrar às tias o seu consultório, arrasta-as para o Jardim e transforma os animais nos seus "doentes". À girafa Joana diagnostica icterícia, mas com Benjamim, um elefante que viveu 41 anos no Zoo, dá-se mal. Benjamim arranca-lhe o "palhinhas" com a tromba e Vasco, furibundo, enriquece o anedotário nacional com uma frase lapidar: "Chapéus há muitos !" Se os animais falassem, teriam, aliás, muito que contar. Sobre casamentos, por exemplo. Na Lisboa dos anos 40, era comum os noivos e convidados irem ao Zoo tirar fotografias. Alguns valentões divertiam-se a provocar os animais, com chapéus de chuva e outros objectos. Os leopardos é que não gostavam da brincadeira e muitas vezes defendiam-se com as garras, arrebatando-lhes os chapéus. A relação entre os animais e os tratadores podia também descambar em situações caricatas. Ainda há quem recorde o sucedido com os irmãos Matos - o "José dos Elefantes" e o "Joaquim dos Macacos"-, quando estes trocaram o fato-de-macaco a que os bichos estavam habituados por outro fardamento. Desconfiados em relação ao traje, os chimpanzés sovaram o Joaquim. Quanto ao José, foi atacado por um elefante, que lhe partiu uma perna. A administração do Zoo manifestava preocupações sociais, patentes na criação de uma escola primária no próprio Jardim, em 1942. A Escola António Loureiro tinha um curso diurno, para os filhos dos funcionários, e um nocturno, destinado aos pais. Até 1959, completaram ali a instrução primária 86 crianças e 71 adultos. No início dos anos 60, o alargamento da Estrada de Benfica e as obras do Metropolitano obrigam a um entendimento entre o Jardim e a CML. É feita uma permuta de terrenos, que possibilita a construção de uma nova frente do Jardim, entre as estradas de Benfica e das Laranjeiras, voltada para Sete Rios. O arranjo arquitectónico, em que sobressaem os imponentes portões, foi da autoria de Raul Lino. Das colónias africanas continuava a chegar fauna variada, oferecida pelos governos locais ou pelas grandes companhias coloniais. Só em 1956, o governo da Guiné contribuiu com cerca de 300 animais - leopardos, crocodilos, hienas, macacos - e a Companhia de Diamantes de Angola doou um okapi. De paragens mais frias veio, nesse mesmo ano, uma foca, trazida da Gronelândia pelos pescadores de bacalhau. Refira-se que a administração colonial não se limitava a enviar bicharada. Em meados da década de 70, os governos de Angola e Moçambique concediam ao Zoo um subsídio anual de 600 contos. O período que vai dos anos 60 até 1974 é relativamente estável. O Jardim aumenta o número de espécies e moderniza-se com novos equipamentos de lazer. Os visitantes mais jovens podiam agora recrear-se no ringue de patinagem ou jogar ping-pong, enquanto os mais velhos lanchavam na casa de chá do lago das Três Pontes ou pedalavam nas "gaivotas". Pelas alamedas, num carrinho empurrado pela sua tratadora, passeava o Matias, um gorila bebé nascido no Jardim.Com o 25 de Abril muita coisa se altera. À crise económica pós-revolucionária somou-se a descolonização, que pôs fim ao manancial de espécies que os territórios africanos representavam. As receitas diminuem - o número de entradas baixa, o Ministério das Obras Públicas corta o subsídio de 400 contos anuais - e os custos de manutenção sobem. Como noutros tempos, a administração recorre ao Estado, mas as sucessivas mudanças de governo não facilitam o diálogo. Por fim, em 1977, o Ministério da Educação decide atribuir ao Jardim um subsídio anual de mil contos. A CML também resolve ajudar, com 450 contos por ano. As dificuldades atenuam-se nos anos 80, graças a projectos mais arrojados e a maiores apoios. A CML assume o pagamento da água consumida pelo Jardim e o Ministério da Educação subsidia o pagamento de entradas dos alunos do ensino oficial. Por seu turno, a administração abre uma sala de bingo, concessiona espaços comerciais e obtém o mecenato de dezenas de empresas, que apadrinham animais. Esta política prossegue nos anos 90, com a criação de novas atracções: a Baía dos Golfinhos, o Reptilário, o Centro Pedagógico, o parque de animação Animax, a Quintinha e o teleférico. Ao mesmo tempo, o Zoo adere a projectos internacionais de protecção animal, como o Programa Europeu para Espécies Ameaçadas. Através da ligação entre um conjunto de Zoos, este programa pretende evitar os grandes riscos que ameaçam os animais em cativeiro: a consanguinidade, a selecção não natural e a perda de variabilidade genética.No entanto, algumas infraestruturas do Jardim mostram-se pouco adaptadas às novas regras de protecção das espécies. Por isso, a administração iniciou, em 1990, obras de renovação, que visam dar mais espaço a alguns animais, recriar o mais fielmente possível o seu "habitat" natural e garantir-lhes maior privacidade. Uma das intervenções prioritárias é a construção de novas instalações para tigres, chimpanzés, gorilas e orangotangos. A necessidade destas obras, avaliadas em seis milhões de contos, foi acelerada pela Directiva Comunitária 1999/22 CE, que exige, entre outras medidas, a acomodação dos animais em condições que satisfaçam as suas exigências biológicas e um programa bem definido de cuidados veterinários e de nutrição. A sanção aplicável aos Zoos que não cumpram estas normas no prazo de três anos é o encerramento. Embora os cofres do Jardim já tenham conhecido dias piores, a administração não dispõe de verba suficiente para custear a totalidade das obras, o que a levou a pedir apoio ao Estado. Como não obteve resposta, promoveu uma manifestação frente à Assembleia da República, com a presença de um leão, um tigre e dez lémures, no passado dia 11 de Novembro. Noutra frente, encetou negociações com a CML, que estão actualmente em curso. Embora não haja ainda um acordo definitivo com a autarquia, parece existir um consenso quanto aos pontos essenciais, o que afasta, para já, o espectro do encerramento. Os mais de 1600 animais do Zoo não falam, mas com certeza agradecem.

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