Torne-se perito

Reforma sem revolução na RR

O programa Despertar, um dos mais antigos e populares da rádio portuguesa, chegou ao fim. "É um ciclo que se fecha", explica António Sala, que ontem apresentou as novidades da grelha da Rádio Renascença, a designação doravante adoptada para o canal generalista.

Mais música, menos palavra, é agora também o lema adoptado pela Rádio Renascença que, a partir de segunda-feira, põe no ar uma grelha de programação renovada. "Não é uma grande revolução, mas sim uma reforma", explicou António Sala, director de programas da estação, ontem, em Lisboa. Nas manhãs, a emissão do Despertar dá lugar a três programas distintos, onde a informação sobre a actualidade tem lugar nobre. O programa Despertar, popularizado por António Sala e Olga Cardoso durante 18 anos, é substituído por um novo conceito que se traduz em três apostas distintas. A emissão da manhã arranca às 5h00 com o Bom Dia, um programa de cariz popular que promete boa disposição até às 8h00. Entre as 8h00 e as 9h00, a Renascença abre os microfones para dar prioridade à informação, com notícias e opinião. Até às 12h00, a emissão segue com José Relvas, com jogos, humor, trânsito, sem esquecer a música. Um novo conceito para as manhãs que, segundo António Sala, se apoiou numa ideia: "o público que ouve às 7h00 não é o mesmo do das 9h45". A nova grelha da Renascença recupera programas que já estiveram no ar, como é o caso da Banda da Amizade (nas tardes da Renascença, de segunda a sexta) e da Música no Coração (aos domingos entre as 14h00 e as 15h00). Ao fim-de-semana, mantêm-se os programas Conversas Cruzadas, um espaço de grande entrevista, e Prova dos Quatro, uma tertúlia conduzida por Maria João Avillez. Para José Luís Pinheiro, director de Informação da Renascença, o desafio é "encontrar uma informação que responda a um público heterogéneo". Apesar do Despertar ser líder de audiências na rádio nacional há largos anos, a Renascença decidiu contrariar o ditado "em equipa vencedora não se mexe". Para António Sala, o conceito de programas com três/quatro horas tem os dias contados, dado que os ouvintes cada vez dispensam menos tempo a ouvir uma só rádio. "É um ciclo que se fecha. Há agora novas formas de 'Despertar' tal como há alguns anos atrás se começou a fazer uma nova forma de informação", justifica o ex-apresentador do programa para quem a experiência "foi tão marcante" que recorda "com saudade, mas com um sorriso". Outra das alterações de fundo impostas à emissão da Rádio Renascença é o reforço da música em detrimento da palavra que actualmente tem um peso de 60 por cento, seguindo uma tendência que se verifica actualmente na rádio portuguesa. "Não queremos que a Renascença deixe de ser comunicativa e informativa, mas não tão palavrosa", explica António Sala, que considera necessário acabar com o que é "excedentário na linguagem". O tipo de música escolhida continua a presidir à mesma filosofia que a emissora tem seguido até agora, tentando encontrar um equilíbrio entre as canções nacionais e estrangeiras. Uma estratégia que obedece ainda aos resultados de um estudo efectuado pela Renascença e que dá conta do interesse dos ouvintes entrevistados por grupos como Trovante, Delfins ou Olavo Bilac, deixando para trás os intérpretes da chamada música "pimba". Esta remodelação avançada pela estação líder de audiências em Portugal está rodeada de outras pequenas alterações: novos separadores na emissão, actualização do design do logotipo, mudança do lema publicitário (que passa a ser "Renascença, a sua melhor companhia") e até mesmo da designação da estação. O nome Canal 1, que se referia ao canal generalista da estação, é abandonado para dar lugar a Rádio Renascença, mantendo-se as designações das outras estações pertencentes ao universo da emissora católica - RFM e Mega FM.

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