"Os bons romances entram na nossa biografia"

O colombiano Santiago Gamboa veio a Portugal lançar o seu policial "Perder É Uma Questão de Método". Bogotá como cenário, um repórter como protagonista e Graham Greene como mestre.

Lia romances e queria ser protagonista de múltiplos destinos. Descobriu um dia que só através da escrita tudo poderia fazer. Estudou literatura na sua cidade natal, Bogotá, e em Madrid. Viveu em Paris e foi correspondente do diário colombiano "El Tiempo". Esteve na Bósnia, em Sarajevo e na Argélia e visita regularmente a Colômbia, onde todos os dias se enterra um parente, à sombra das guerras da droga e da mafia. Mas o contacto com a morte e a violência não conseguiram roubar a ternura da sua voz baixa. Santiago Gamboa, 34 anos, vive em Roma porque se apaixonou e quando lhe perguntamos se conhece bem a gastronomia colombiana, sempre presente no romance policial "Perder É Uma Questão de Método", escrito em 1995, e agora publicado pela Asa, diz apenas que em sua casa o amor rima com comida. Quando é preciso dar afecto oferece-se um banquete.Santiago Gamboa - A nossa amizade tem sete anos. Luis é uma das pessoas mais afectuosas e generosas que conheço. É um escritor que põe o sucesso à disposição dos amigos, apresentando-lhes os seus próprios leitores. Mas Luis Sepúlveda é também um grande difusor da nova literatura latino-americana e a sua obra sempre foi para mim um estímulo. Já tinha concluído o romance quando em Paris o encontrei num bar. Disse-lhe: "Luis quero usar esta frase." Ele respondeu-me: "Ofereço-ta." Por minha sugestão celebrámos o contrato num guardanapo e todos a gente que estava no bar foi testemunha. Por outro lado, o título "Perder É Uma Questão de Método" cria uma atmosfera moral conveniente às aventuras do protagonista.

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