Tróia vai ter delfinário para crianças deficientes

Em Portugal, segundo o último censo, há cerca de 4,1 milhões de alojamentos. Destes, cerca de dois milhões já têm instalada a cablagem que lhes permite o acesso à televisão por cabo. Em quatro anos, a rede vai-se estendendo. A captação de assinantes é um processo mais lento. Os últimos dados mostram que a penetração dos diversos operadores ainda está perto dos 15 por cento.

A zona de Tróia vai ser "berço" de um delfinário muito especial com golfinhos cubanos como estrelas, mas em que as crianças com problemas de autismo, paralisia cerebral, depressões e outras lesões cerebrais poderão brilhar.Trata-se de um projecto que deverá estar em funcionamento no próximo verão e que dará continuidade às sessões que arrancarão este mês no Sado, que consistem em viagens até àquele rio para as crianças, sempre acompanhadas de familiares, contactarem com os animais.Além do prazer que proporciona este contacto entre a criança e o mamífero marinho, existem outros propósitos cientificamente provados e que justificam que os Estados Unidos ou Israel, por exemplo, já incluam os golfinhos nas suas terapias com crianças com estes problemas.Em Portugal, existiu um primeiro "ensaio" no delfinário do Jardim Zoológico de Lisboa, embora muito limitado. O grande mentor do projecto foi e é Michael Wilson, que, na Irlanda, já realiza esta terapia há cerca de seis anos e que, em Portugal, faz sessões de hipnoterapia, de que é especialista. Foi precisamente na clínica de medicina alternativa "Saudarte", onde trabalha como hipnoterapeuta, que Michael Wilson falou com o director daquele espaço, Eduardo Vasconcelos, que ficou "fascinado" com a terapia assistida com golfinhos.Desde esse primeiro contacto que o director da "Saudarte" pensou em desenvolver a terapia em Portugal. Após a experiência do zoo, tratou de arranjar um barco para transportar as crianças/pacientes e as suas famílias para o Sado.A sessão experimental ocorreu na semana de 16 a 22 de Agosto, durante a qual participou uma criança irlandesa com paralisia cerebral, os seus três irmãos e os pais. Se os dois primeiros dias foram frustrantes, pois não viram golfinhos, os animais apareceram em grupo - mais de 30 - nos dois últimos dias, o que emocionou participantes.Dadas as características dos golfinhos, o contacto entre as crianças e os animais permite uma "estimulação do cérebro" dos pacientes, o que, ao longo dos tempos, irá assegurando progressos assinaláveis. No entanto, o ideal será - conforme está planeado para Tróia - proporcionar um contacto físico, nomeadamente através de mergulhos, entre as crianças e os golfinhos, o que por agora não é possível no Sado.Nesse delfinário existirá ainda, junto ao "tanque" com a água do mar, uma clínica de sacrocranioterapia - chama-se assim a terapia que implica o acompanhamento de técnicos, além das sessões com os golfinhos.Antes do "mergulho" em Tróia, os organizadores projectam fundar a Golfinho - Associação Portuguesa para Crianças Autistas e Deficientes, uma organização sem fins lucrativos que irá garantir, através da angariação de fundos, que as consultas não tenham de ser pagas. "Isto evitará, por exemplo, que os pais portugueses com crianças nesta situação tenham de gastar fortunas em viagens para os países onde fazem estas terapias", afirmou Eduardo Vasconcelos.Este responsável frisou que, nestes tratamentos, "o verdadeiro terapeuta é o golfinho, sendo o trabalho do homem uma terapia adicional".Para isso está já assegurada a compra de quatro golfinhos - dois machos e duas fêmeas - em Cuba, orçando em 10 mil contos cada animal.A terapia com golfinhos implica um programa com a duração de um ano. Nos Estados Unidos a lista de espera chega aos 2,5 anos, enquanto Israel optou por fechar as portas aos pacientes estrangeiros para conter a procura.Eduardo Vasconcelos revelou que, desde que o projecto é conhecido, não têm parado os telefonemas "de todo o mundo" a solicitar inscrições. Lembrou, a esse propósito, a abordagem que teve de uma mãe portuguesa que levou a filha, com paralisia cerebral, a este tratamento em Israel e que testemunhou os incríveis avanços que a criança registou após a terapia com os golfinhos."Um acto simples como lançar uma bola a um golfinho, que retribui com a agilidade conhecida, pode parecer um gesto simples e próprio de qualquer jovem, mas nestas crianças significa o romper com uma imobilidade de anos. Graças aos golfinhos", concluiu Eduardo Vasconcelos.

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