O Mundo A Cores

Depois da segunda guerra mundial compositores como Martin Denny, Les Baxter, Juan Garcia Esquivel ou Arthur Lyman imaginaram uma música colorida e excessiva, evocadora das regiões mais afastadas do globo e recheada de estranhos efeitos e orquestrações cor-de-rosa. Chamou-se a essa música "exótica". Durante muitos anos ninguém se atreveu a mexer-lhe, mas as novas gerações desenterraram-na e têm-se servido dela como inspiração. Não admira por isso que David Toop tenha decidido dedicar-lhe um livro.

David Toop é um homem multifacetado. A par de Brian Eno é o ideólogo mais conhecido da música ambiental e, ao longo dos anos, colaborou com gente como John Zorn, Steve Beresford, Max Eastley ou os Flying Lizards. Em 1995 lançou na editora de Brian Eno o álbum "New And Rediscovered Music Instruments", mas seria já na presente década que viria a editar alguns dos seus discos mais interessantes como "Buried Dreams" (de 94) ou "Screen Ceremonies" (de 95). Recentemente editou os álbuns "Hot Pants Idol" e "Architettura Volume Three: Museum Of Fruit". Uma entrevista que aborde a sua obra musical ficou prometida para Setembro, quando actuar em Portugal, no contexto do Experimenta Design. Mas, no campo da escrita sobre música a sua obra não é menos interessante. Para além de inúmeros artigos espalhados por revistas como a The Wire, The Face, Spin ou Billboard, David Toop é responsável pelas obras "Rap Attack", "Ocean Of Sound" e "Exótica". Este último livro foi lançado no mercado internacional recentemente e nele o responsável pela música do espectáculo "Acquamatrix" da Expo 98, rescreve a história do "movimento exótica" que congregou principalmente nos anos 50 e 60 uma série de activistas das sonoridades easy-listening. Um livro que ajuda a perceber o fascínio das novas gerações por uma música eclética e rica em termos orquestrais e rítmicos que evoca paragens distantes, palmeiras à beira mar e cocktails mirabolantes. DAVID TOOP - No início dos anos 80. Tenho alguns amigos em Los Angeles e foram eles que me emprestaram uma cassete que continha temas de Les Baxter, Martin Denny e de algumas outras coisas mais obscuras. Curiosamente, muitos dos compositores desse período eram de Los Angeles. Gostei daquela música por ser convencional em alguns aspectos e noutros tão excêntrica. Os sons eram estranhos, os arranjos eram esquisitos e foi por isso me pareceu subversiva.

Sugerir correcção