Manuel João da Palma Carlos, 83 anos, tribuno e advogado

A voz pode entaramelar-se-lhe, mas mantém vivo o poder de esquiva. Foi em recurso, face à inabilidade do jornalista, que tomara por coisa séria o que afinal não passava de (mais) uma "anedota", fruto da "amizade", que desfez a conotação que lhe atribuía de ser, acima de tudo, maçónico: "Sempre recebi o 'Avante!' clandestino. Quem mo entregava era o Fernando Ferrão. Ainda sou assinante. Já pedi à família para que me o enviasse para este lar onde estou agora a viver." Foi o máximo que acedeu a esclarecer quanto às suas filiações partidárias. Prefere dizer que "é das esquerdas" e nunca fez distinção de partido nos presos políticos que defendeu nos tribunais plenários da ditadura salazarista. Dito isto, aceita recordar a sua iniciação maçónica, na loja "Revolta ao Vale de Almada", em 1936. Tinha por venerável o médico Eugénio Ferreira, que foi para Luanda e aí participou em todas as iniciativas da oposição democrática. Eram 22 os "irmãos" desta loja que se reunia em São Pedro de Alcântara, precisamente onde é hoje o Solar do Vinho do Porto. PALMA CARLOS - Foi meu colega, mas era repetente. Tinha perdido o primeiro ano. Lembro-me de lhe dizer: "Não podemos desligar-nos dos estudos. Se queremos impor os nossos pontos de vista, temos que nos impor como bons estudantes." Acabou por passar com 15 ou 16 valores.

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