Bancos fecham a 31 de Dezembro para evitar o "bug" do ano 2000

É provável que a China se torne, a médio prazo, o segundo exportador e importador mundial, depois dos Estados Unidos. A sua presença no mercado internacional tem vindo a crescer e o seu papel é tido como estabilizador no quadro da crise asiática. Mas ainda não é membro da Organização Mundial do Comércio. Ao fim de treze anos de negociações, o processo de adesão dá sinais de estar a chegar ao fim.

Portugal vai responder positivamente a uma recomendação do Banco Central Europeu (BCE) e decretar um feriado bancário no dia 31 de Dezembro deste ano, de modo a prevenir os riscos associados à transição dos sistemas informáticos para o ano 2000.O anúncio foi feito ontem pelo ministro das Finanças, Sousa Franco, precisando que o respectivo projecto de decreto-lei está pronto para ser apresentado em Conselho de Ministros. Portugal e a Áustria são os únicos países da UE que precisam de legislar formalmente sobre a matéria, justificou. Esta medida destina-se a prevenir as perturbações mais ou menos graves que poderão ser provocadas, à escala global, pelo não reconhecimento do ano 2000 pelos sistemas informáticos: a maior parte dos computadores apenas reconhece as datas pelos últimos dois dígitos, o que levanta o risco de o ano 2000 ser confundido com o ano de 1900.A ideia de decretar o último dia do ano como feriado bancário partiu do BCE, cujo presidente, Wim Duisenberg, escreveu uma carta aos ministros das Finanças dos Quinze recomendando o encerramento da "indústria financeira" em toda a União Europeia (UE). O BCE "chegou à conclusão que a segurança da transição para o primeiro dia de operação no ano 2000 (3 de Janeiro de 2000) seria significativamente reforçada se todos os sistemas da indústria financeira pudessem estar encerrados e copiados ("backed up") antes da meia noite do dia 31 de Dezembro de 1999", afirma a carta.Este sentimento é partilhado pela generalidade da comunidade financeira que, segundo Duisenberg,"está preocupada com a manutenção das operações no dia 31 de Dezembro". A Federação Europeia de Bancos já escreveu ao BCE pedindo o encerramento total do sistema TARGET - a partir do qual são efectuados os pagamentos interbancários da zona euro - no dia 31 de Dezembro. Esta opinião é também a do Sistema Europeu de Bancos Centrais (SEBC) dos onze países membros do euro (composto pelo BCE e pelos bancos centrais nacionais dos Onze), apesar de, segundo Duisenberg, os seus preparativos internos para assegurar a transição estarem bem encaminhados. Estes sistemas começarão a ser testados a partir do fim de Abril, explica, o que deverá "permitir ao SEBC obter um grau aceitável de certeza de que os sistemas do BCE e do SEBC estarão em conformidade com o Ano 2000". Só que o próprio presidente do BCE reconhece que "não é possível ter uma garantia a cem por cento de que todos os componente ligados à data terão sido identificados e testados em antecipação". Alguma incerteza decorre de factores externos que o SEBC não controla, mas que podem pôr em risco o seu funcionamento, como o fornecimento de electricidade, água ou telecomunicações. Do mesmo modo o SEBC poderá ser afectado pela eventual falta de preparação dos seus interlocutores e intermediários.A conjugação destes factores levou os responsáveis monetários europeus a prever o encerramento dos seus sistemas no dia 31 de Dezembro. O problema, explica o seu presidente, é que esta decisão tem implicações sobre os mercados: o encerramento do sistema TARGET, por exemplo, impedirá a realização de pagamentos interbancários nesse dia, o que levanta problemas jurídicos e financeiros no caso dos contratos que cheguem eventualmente ao seu termo nessa data. Os banqueiros centrais consideram assim que "seria mais eficaz se todos os Estados membros declarassem o dia 31 de Dezembro um feriado bancário", o que justificará juridicamente a ausência de transacções nesse dia. O encerramento destas operações permitiria, igualmente, facilitar o processo que consiste na realização de cópias de segurança de todos os sistemas informáticos antes da meia noite do dia 31 de Dezembro, considera Duisenberg.

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