Baltazar Rebelo de Sousa, um patriota defensor da mudança

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Lusa

"Patriota" e homem de "bom senso" aberto à mudança. Foram estas as palavras escolhidas por algumas das principais figuras políticas para lembrar Baltazar Rebelo de Sousa, que hoje morreu aos 81 anos.

"Baltazar Rebelo de Sousa era um patriota, um homem que procurou sempre servir Portugal", afirmou o primeiro-ministro, Durão Barroso, deixando o seu pesar ao filho do antigo ministro do Ultramar, Marcelo Rebelo de Sousa.

À TSF, Mário Soares recordou Rebelo de Sousa como "uma pessoa muito correcta e muito amável", que mereceu o seu "respeito e consideração", apesar de não terem partilhado o mesmo "percurso político".

Por sua vez, Pinto Balsemão lembrou uma personalidade que soube "manter-se com dignidade e com coragem sem abdicar daquilo que tinha sido" e que trouxe "alguma evolução política na questão ultramarina".

Apesar de "muito ligado ao regime de Salazar e Marcelo Caetano era das pessoas mais abertas, com quem se podia falar e que procurou contribuir para que se encontrassem outras soluções para o problema do Ultramar", argumentou o ex-primeiro-ministro.

Citado pela TSF, João Salgueiro, presidente da Associação Portuguesa de Bancos, referiu-se igualmente a Rebelo de Sousa como "uma personagem muito ligada ao regime", mas também afecto à "ala mais aberta à mudança".

Rebelo de Sousa "aliava uma preocupação com o futuro a bastante bom senso. A experiência que tinha nas áreas social e ultramarina podia ter tido mais influência", continuou o responsável.

O funeral de Baltazar Rebelo de Sousa realiza-se amanhã. O corpo sai às 14h00 da Igreja de Santa Isabel, em Lisboa, para o cemitério dos Prazeres.

Um dos políticos mais destacados do antigo regime

Baltazar Rebelo de Sousa foi uma das figuras mais destacadas do Estado Novo, assumindo-se como um reformista do regime fundado por Oliveira Salazar.

Governador de Moçambique entre 1968 e 1970, impulsionou a "africanização" do regime na ex-colónia portuguesa, evidenciando uma visão estratégica que viria mais tarde a ser elogiada pela própria Frelimo.

Regressado a Portugal, acumula os Ministérios das Corporações e Assistência Social e da Saúde e Assistência, seguindo uma política de alargamento da rede de cuidados médicos e melhoria das estruturas hospitalares. Um conjunto de medidas que o situaram na "esquerda" do regime.

Em 1973, Marcelo Caetano, incontornável referência no percurso político de Baltazar Rebelo de Sousa, nomeia-o ministro do Ultramar, cargo que desempenhava aquando do 25 de Abril de 1974. Após a "Revolução dos Cravos" exilou-se no Brasil em Junho de 1974, onde permaneceu durante 17 anos.

Foi igualmente comissário da Mocidade Portuguesa e deputado em várias legislaturas do antigo regime. Por escolha de Caetano, assume a vice-presidência da Acção Nacional Popular, o partido único no final do regime.

Antes da vida política já este médico, natural de Lisboa e licenciado em Medicina e Cirurgia, havia desenvolvido um vasto currículo.

Especialista em Medicina Sanitária e Tropical, destaca-se a sua actividade como professor do Instituto do Serviço Social de Lisboa, inspector-médico dos serviços Médico-Sociais e membro da direcção da Associação do Serviço Social de Lisboa.

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