Este é o fado de Gisela João. Não é de mais ninguém

Desde o primeiro álbum que vinha anunciando que havia de chegar o dia em que a electrónica invadiria a sua música. Aurora é esse disco, produzido por Michael League, dos Snarky Puppy, mas em que a electricidade se traduz em sintetizadores e na imensa liberdade de existir assim no fado. Este é o fado de Gisela João. Não é de mais ninguém.

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Rodolfo Magalhães

Gisela João lembra-se bem de estar no Vaticano com um amigo e de segredar-lhe um fado que casava na perfeição com o ambiente em que se encontravam. Tentava, no fundo, converter o amigo à sua própria religião, à convicção que carrega há muito de que o fado é muito maior do que o género a que associamos a palavra – é, defende a crente, uma atitude que se carrega vida fora e que tempera os dias e as noites, uma provável melancolia que se desprende de cada momento mas que não o encerra em convenções-prisões das quais a fuga é impossível. Importa esclarecer, para que a história comece em pratos limpos, que o Vaticano de que acima falamos é a famosa discoteca de Barcelos, durante 21 anos um chamariz para o culto noctívago no norte do país. Não falamos, por isso, da cidade-sede da Igreja Católica. Gisela lembra-se de que estaria possivelmente “o DJ Vibe a tocar” e de procurar o ouvido do amigo para “cantar uma letra de um fado que encaixava naquela música que se estava a ouvir, sempre com esta missão de ajudar os outros a entenderem o que é o fado”.

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