Memórias da Revolução de Abril de Vasco Gonçalves lançadas em livro

O livro de memórias de Vasco Gonçalves, "Um General na Revolução", de Manuela Cruzeiro, vai ser lançado esta tarde pela Editorial Notícias, na Associação 25 de Abril, em Lisboa.

Nesta obra, apresentada em forma de entrevista, Vasco Gonçalves apresenta justificações para o que se passou na Revolução de Abril, o culminar do sonho da sua vida. "Não imagino o que seria a minha vida se não tivesse participado no 25 de Abril! (...) Estava a levar à prática ideias que abracei ao longo de toda a minha vida", confessa.

Uma das principais preocupações de Vasco Gonçalves era encontrar uma solução para a guerra colonial, sempre com o objectivo de tornar o golpe militar numa verdadeira revolução socialista. Tinha ao seu lado Melo Antunes, mas foi exactamente com ele que acabou por ter o primeiro confronto ideológico que levou à demissão do V Governo Provisório. As lembranças deste momento provocam-lhe um misto de alegria e tristeza. Alegria por ter sido o Governo mais revolucionário na história de Portugal. Tristeza por ter durado pouco tempo.

Não é, no entanto, a Melo Antunes que atribui as culpas do seu afastamento do Governo, mas ao PS e consequentemente ao seu secretário-geral de então, Mário Soares.

Acredita apenas ter cometido um pequeno erro durante esse período: acreditar que seria possível mudar as mentalidades em tão pouco tempo. Vasco Gonçalves lembra que os militares que fizeram o golpe militar do 25 de Abril eram maioritariamente oriundos da pequena burguesia e dificilmente se identificavam com os interesses dos trabalhadores e tiveram dificuldade em aceitar as suas ideias.

Concluiu também que não procurou durante a sua vida servir apenas o PCP, mas essencialmente os direitos dos trabalhadores e o respeito pelo ser humano.

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