“Não sufoque a natureza”: campanha apela ao uso de máscaras reutilizáveis

“Uma protecção para si. Um sufoco para a natureza”, desafiam cartazes com um pinguim, um lince e uma tartaruga de máscara. É esta a nova campanha de três associações ambientalistas contra as máscaras descartáveis.

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Quando membros da ANP/WWF (Associação Natureza Portugal), da Sciaena (Associação de Ciências Marinhas e Cooperação) e da ZERO (Associação Sistema Terrestre Sustentável) saem à rua, o que vêem é “um mar de máscaras” que, a cada dia, sufoca mais animais. Assim nasce uma nova campanha nas redes sociais sobre o impacto das máscaras descartáveis na vida selvagem.

O carácter descartável das máscaras cirúrgicas potenciou, desde o início da pandemia de covid-19, um aumento da poluição, comprometendo a natureza e a biodiversidade. Como tal, as organizações apelam ao uso de máscaras reutilizáveis por quem não pertença a um grupo de risco, sempre que isso garanta a sua segurança. “Os descartáveis que, depois de usados, são deitados na natureza, são um perigo imediato para a biodiversidade, e um perigo a longo prazo para a nossa saúde”, explica, em comunicado, Ângela Morgado, directora executiva da ANP/WWF.

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Susana Fonseca, da Zero, conta ao P3 que as máscaras abandonadas no espaço público não representam apenas “riscos para a nossa saúde”. “Se não houver uma recolha daquele resíduo, o que vai acontecer é que ele vai sempre acabar no mar e nos rios, e isso pode depois ter consequências para as espécies”, sublinha.

A representante da organização alerta para uma produção e utilização desmesuradas de máscaras descartáveis quando há alternativas reutilizáveis para a maioria dos casos (que não pertencem a grupos de risco). “Podemos e devemos aproveitar e apoiar a indústria nacional utilizando as máscaras reutilizáveis”, realça. Justifica este apelo com uma enumeração dos benefícios da alternativa: “Vamos ajudar o ambiente, poupar dinheiro, estar a ajudar a economia nacional e a manter-nos protegidos”.

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Não sendo reciclável, o destino da máscara descartável deverá ser um contentor de resíduos indiferenciados: “Aquilo é um resíduo, é um resíduo que, ainda por cima, pode estar contaminado, e, portanto, nós devemos ter o respeito pelos outros de não o abandonar.”

“É uma questão de civismo, de responsabilidade e respeito pelo espaço público e, ao mesmo tempo, estamos também a prevenir eventuais consequências que possam surgir para as espécies, nomeadamente marinhas”, remata a activista.

Para Catarina Grilo, directora de Conservação e Políticas da ANP/WWF, a pandemia agravou a banalização do uso de plástico descartável, o que, explica em comunicado, “levou inclusivamente a um adiamento de seis meses em Portugal da aplicação da Directiva sobre Plásticos de Uso Único. “Esta banalização acontece sob o pretexto da segurança sanitária, quando não há evidência científica que suporte esta opção.”

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As associações defendem que a resposta à crise pandémica não pode ser feita em detrimento de outras lutas que decorrem em paralelo no planeta, como as alterações climáticas, a perda da biodiversidade e a exploração desregrada dos recursos naturais.

Texto editado por Ana Maria Henriques

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