As Maravilhas de Montfermeil: da política e da papa

É burlesco “cerebral”, como algum Biette e algum Rivette (cineastas com quem Balibar reconhece proximidade), que da política faz uma papa pronta a servir.

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É um olhar libertador, à beira da anarquia que se espraia num estilo que privilegia o non sequitur, numa estrutura que em vez de reunir vários planos para contar uma história, colecciona várias histórias em cada plano, as partes a marimbarem-se para o todo
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Há poucas semanas, o cineasta Elia Suleiman queixava-se de como é quase impensável, para o mundo, a ideia de uma comédia palestiniana: o que o mundo prescreve aos palestinianos não é o riso. Lembramo-nos disso numa das cenas iniciais de As Maravilhas de Montfermeil, quando a personagem de Mathieu Amalric, na pele de um funcionário camarário cheio de boas ideias e paternalismo, recebe um casal árabe no seu gabinete e eles riem e riem perante as perguntas e a conversa formulaica dele. É um riso tão franco, tão espontâneo — quase de candid camera, como convém a actores amadores recrutados in loco, no município de Montfermeil — que extravasa a própria cena: eles estão a rir-se de tudo, liminarmente, incluindo (o plano é frontal) do próprio espectador, que ali chega carregado das suas próprias boa vontade e paternalismo.

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