Luanda Leaks leva CMVM a iniciar “acções de supervisão concretas”

A Nos e a Galp são empresas participadas pela empresária Isabel dos Santos, estando a comissão do mercado de valores mobiliários a acompanhar a situação, anunciou hoje a entidade após a abertura dos mercados

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Gabriela Figueiredo Dias, presidente da CMVM Rui Gaudencio

Gabriela Figueiredo Dia, presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), afirmou nesta quinta-feira que o regulador “iniciou já acções de supervisão concretas” no âmbito do dossier Luanda Leaks, que detalha os esquemas financeiros da empresária angolana Isabel dos Santos.

Gabriela Figueiredo Dias respondia a questões de jornalistas, na sede da CMVM, em Lisboa, num encontro onde a entidade supervisora apresentou as suas prioridades para 2020. As palavras da líder da CMVM foram proferidas em plena sessão desta quinta-feira na praça lisboeta, onde ambos os títulos negoceiam e fazem parte do PSI20. A Galp seguia a meio da sessão a perder 2,06%, para 14,26 euros e os títulos da Nos recuavam 1,38%, para 4,86 euros. 

Questionada se a CMVM está a seguir o processo, a presidente do conselho de administração disse que a entidade “está a acompanhar a situação com muita atenção e acção”, as duas conjugadas.

Gabriela Figueiredo Dias sublinhou que a informação divulgada pelo Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ) no passado domingo “é de enorme relevo para a CMVM”.

“É importante, relevante, estamos a acompanhar com a atenção e actuar com tranquilidade que deve caracterizar o regulador, com o recato que a nossa atenção deve respeitar, mas com a assertividade e maior acutilância possível”, acrescentou.

“A CMVM iniciou já desde segunda-feira acções de supervisão concretas junto dos responsáveis”, afirmou.

A Nos e a Galp são empresas participadas por Isabel dos Santos, estando a CMVM a acompanhar a situação.

“Estamos a acompanhar e a actuar junto da Nos, enquanto entidade emitente”, referiu a responsável. “Enquanto entidade emitente foram solicitadas informações e estamos numa interacção permanente”, acrescentou.

“Algumas auditoras já foram objecto de acções, estamos a trabalhar e não são iniciativas que se tomem de ânimo leve, cada intervenção é devidamente trabalhada”, disse ainda a responsável.

Gabriela Figueiredo Dias sublinhou que as participações qualificadas na Nos (através da Zopt, na qual a Sonae, dona do PÚBLICO, é parceira) e na Galp “são transparentes” e que não é isso que está em causa.

A CMVM tem também acções de supervisão a decorrer junto dos auditores envolvidos no Luanda Leaks.

“A supervisão é recolha de informação, estamos a pedir esclarecimentos, a procurar e obter, estamos a obter informação que nos permitirá depois de analisadas” decidir se haverá outras medidas a adoptar ou não, prosseguiu.

O Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ) revelou no domingo mais de 715 mil ficheiros, sob o nome de Luanda Leaks, que detalham esquemas financeiros de Isabel dos Santos e do marido, Sindika Dokolo, que terão permitido retirar dinheiro do erário público angolano, utilizando paraísos fiscais.

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